A última preocupação de um bombeiro enquanto apaga um incêndio é o potencial de danos causados ​​pela água. O mesmo vale para o Federal Reserve (Fed) com o uso dos juros na luta contra a inflação: há pouco espaço para preocupação sobre o que isso pode significar para a maior economia do mundo

Acontece que a inflação nos EUA, pelo menos aquela medida preferida do banco central norte-americano, está agora apenas meio ponto percentual acima da meta de 2%, depois de beirar dois dígitos — abrindo espaço para que o comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) faça um rescaldo após a taxa atingir o maior nível em 23 anos

Na decisão desta quarta-feira (30), como amplamente esperado, o Fed não mexeu nos juros, que seguiram na faixa entre 5,25% e 5,50%. Mas os membros do Fomc indicaram que a inflação está se aproximando da meta, o que pode abrir a porta para futuros cortes nos juros.

As autoridades não fizeram indicações óbvias, no entanto, de que o início do ciclo de afrouxamento é iminente, optando por manter a linguagem que indica preocupações contínuas sobre as condições econômicas, embora com progresso.

Eles também preservaram a indicação no comunicado de que mais avanço é necessário antes que as reduções na taxa possam acontecer.

“O Comitê julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação continuam a se mover para um melhor equilíbrio”, diz o comunicado de hoje, uma ligeira atualização da linguagem anterior.

“A inflação desacelerou no ano passado, mas continua um pouco elevada”, continua a nota. “Nos últimos meses, houve algum progresso adicional em direção à meta de inflação de 2% do Comitê.”

Por isso, a reação do mercado foi branda. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq continuaram operando em alta assim que a decisão saiu, praticamente nos mesmos níveis de antes do anúncio do Fed. Por aqui, a reação imediata do Ibovespa também foi morna. No mercado de câmbio, o dólar ganhou força tanto internamento como no exterior assim como os Treasurys.

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Os sinais de fumaça sobre os juros

O ditado diz que onde há fumaça, há fogo. E os sinais de fumaça pairam sobre o mercado desde meados de junho — quando 100% das apostas passaram a indicar que o afrouxamento monetário nos EUA acontecerá em setembro. 

Na ocasião, o catalisador para a mudança nas apostas de corte de juros nos EUA foi o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de junho, que mostrou uma queda de 0,1% em relação ao mês anterior e colocou a taxa de inflação anual em 3% — a mais baixa em três anos. 

Além disso, sugestões recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, ajudaram na crença dos traders de que o banco central norte-americano agirá em setembro. 

Nas últimas declarações públicas, Powell disse que o Fed não esperaria que a inflação chegasse à meta de 2% para começar a cortar os juros devido aos efeitos defasados ​​da política monetária. 

Também em junho, a economia norte-americana criou 206 mil vagas contra o consenso de 190 mil, mas a abertura de postos de trabalho de abril e maio foram revistas em baixa de -57 mil e -54 mil, respectivamente. 

Para completar o quadro, a taxa de desemprego ultrapassou os 4%, para 4,1% naquele mês. Vale lembrar que em abril a taxa de desemprego foi de apenas 3,4% — um sinal de que pode estar havendo uma folga no mercado de trabalho, que limita o avanço dos salários. 

*Conteúdo em atualização

Fonte: SeuDinheiro

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