O recomendado para quem vai viajar ao exterior é comprar moeda aos poucos para não sofrer com as oscilações cambiais. No caso de quem vai para Londres ou pensa em ter uma reserva em libras, a atenção na estratégia é redobrada: bancões gringos dizem que há espaço para novas altas.
A libra figura como uma das principais moedas com melhor desempenho até agora neste ano, e analistas de vários bancos de investimento acreditam que há mais espaço para valorização — ainda que um corte de juros pelo Banco da Inglaterra esteja cada vez mais próximo.
Cálculos do Goldman Sachs mostram que a libra subirá em relação ao dólar, com um alvo de 1,31. Na manhã desta quarta-feira (31), a moeda estava sendo negociada perto de 1,28 em relação ao dólar.
A tempestade cambial
A libra sofreu um período tempestuoso em setembro de 2022, quando a então primeira-ministra Liz Truss e seu chanceler Kwasi Kwarteng apresentaram um plano fiscal que não agradou.
Na época, Truss e Kwarteng ignoraram o Escritório de Responsabilidade Orçamentária (OBR) do Reino Unido e anunciaram uma série de cortes de impostos não financiados em uma tentativa de estimular a economia.
Os mercados ficaram assustados com a proposta, fazendo com que a libra alcançasse quase a paridade com o dólar.
Vale lembrar que essa turbulência foi precedida por um período de instabilidade política sob o governo de Boris Johnson e sua gestão da retirada dos britânicos da União Europeia e da pandemia de covid-19 — que culminou no escândalo conhecido como “partygate”, já que Johnson defendia o isolamento, mas frequentou festas e acabou deixando o poder por isso.
O sol voltou a brilhar para a libra
As eleições do início de junho deram uma vitória abrangente para o Partido Trabalhista, de oposição. A legenda assumiu o governo sob a liderança de Keir Starmer no início deste mês e, desde então, a estabilidade passou a ser o tema central das discussões.
Segundo o UBS BB, o Reino Unido “pode estar se tornando a história política mais estável no G-10, deixando o extremo oposto do espectro”.
“Combinado com juros ainda altos, poderia atrair fluxos de capital para o Reino Unido após muitos anos sendo uma venda estrutural”, disseram analistas do banco suíço em relatório.
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Corte de juros: uma nuvem sobre a libra?
A recente alta da libra ocorre apesar de os traders precificarem a possibilidade de o Banco da Inglaterra optar por um corte nos juros em agosto.
Tradicionalmente, a redução da taxa pode pressionar uma moeda, já que reduz os retornos potenciais que os ativos daquele país podem oferecer aos investidores estrangeiros.
James Smith, economista de mercados desenvolvidos do ING, disse na semana passada que o início do ciclo de flexibilização do BOE “apresentaria um vento contrário à libra”.
Embora o corte dos juros não esteja descartado, o economista-chefe do Banco da Inglaterra, Huw Pill, adotou um tom cauteloso ao comentar que “indicadores recentes sugerem algum risco de alta para a avaliação da persistência da inflação”.
Embora a inflação de julho esteja em linha com a meta de 2% do BOE, a inflação de serviços permanece em 5,7% — acima da previsão de 5,1%. A inflação de serviços é observada de perto pelas autoridades monetárias como um sinal de pressão de preços.
*Com informações da CNBC
Fonte: SeuDinheiro