Depois de enfrentarem pregões difíceis nas últimas semanas, as ações da Sequoia Logística (SEQL3) vivem um dia de glória nesta terça-feira (22). Os papéis chegaram a subir 25% mais cedo, e, por volta das 11h15, ainda operavam com um salto de 20%, cotados em R$ 4,32.

O combustível para essa disparada é a notícia de que a 2ª Vara Empresarial Regional de São Paulo deferiu o processamento do pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial da companhia para credores não financeiros.

De acordo com um comunicado divulgado na noite de ontem, o documento conta com a adesão de credores que superam 50% do valor dos créditos.

Além de deferir o pedido, a decisão da Justiça determina também a nomeação de uma administradora judicial para a Sequoia, a ACFB. A empresa atuará na adoção de providências legais para que o plano seja homologado, além de auxiliar o juízo na suspensão de ações, execuções e pedidos de falência por parte de credores.

Sequoia renegocia R$ 295 milhões em dívidas

Vale relembrar que a Sequoia deu início ao processo de reestruturação de dívidas não-financeiras neste mês. Antes disso, a companhia já havia fechado um acordo de renegociação de dívidas com os bancos e os investidores de debêntures em dezembro do ano passado.

O plano inclui a conversão e reperfilamento de créditos de cerca de R$ 295 milhões, resultado de contratos firmados com fornecedores, prestadores de serviços e locadores de armazéns ao longo dos últimos anos, de acordo com fato relevante enviado à CVM em 11 de outubro.

“Essa recuperação extrajudicial não impactará adversamente clientes ou colaboradores, na medida em que o plano envolve em sua maioria credores inativos”, afirmou a companhia na ocasião.

Ainda segundo a Sequoia Logística, a recuperação extrajudicial tem “escopo limitado” e não inclui uma série de dívidas da empresa, inclusive débitos trabalhistas, dívidas bancárias e de emissões de debêntures.

A renegociação também deixa de fora as dívidas das empresas do Grupo Move3, com o qual se fundiu no início deste ano.

De acordo com a empresa, na maioria, trata-se de créditos cujos titulares não mais fornecem ou prestam serviços para a Sequoia. 

Segundo o plano de recuperação extrajudicial, os credores quirografários não-financeiros terão cinco opções de recebimento de créditos para escolher. São elas:

  1. Conversão integral dos créditos em ações da Sequoia (SEQL3) ao valor de R$ 8,00 — um prêmio de 78% em relação às cotações na tela hoje. Essa opção será limitada a R$ 110 milhões;
  2. Pagamento em 36 parcelas mensais de igual valor, com vencimento do primeiro depósito depois do prazo de carência, com início em 60 meses contados a partir da homologação judicial do plano de reestruturação financeira; 
  3. Deságio de 70%, com o pagamento do saldo em 84 parcelas mensais de igual valor, com vencimento da primeira prestação depois do prazo de carência de 12 meses contados da homologação do plano. Essa opção terá limite de R$ 10 milhões; 
  4. Deságio de 50%, com o pagamento em dinheiro à vista de 40% do montante dentro de 120 dias corridos a partir da aprovação do plano pela Justiça, ou em 31 de janeiro de 2025 — o que ocorrer primeiro; e o pagamento em dinheiro de 60% do saldo em 15 prestações mensais, com início 30 dias corridos após o pagamento em dinheiro à vista. Essa opção será limitada a R$ 60 milhões; ou
  5. Deságio de 70%, com o pagamento em dinheiro à vista dentro de 30 dias corridos a contar da aprovação do plano pela Justiça. Essa opção terá limite de R$ 17 milhões.

A situação financeira da Sequoia Logística (SEQL3)

Segundo a Sequoia Logística (SEQL3), a recuperação extrajudicial é resultado das “dificuldades momentâneas” enfrentadas pelas empresas e fruto da “desaceleração do e-commerce no Brasil no último ano”.

Com IPO realizado na B3 em 2020, ainda durante a pandemia de covid-19, a Sequoia Logística sofreu com o ciclo de alta de juros que se seguiu. 

Desde a abertura de capital, as ações SEQL3 praticamente viraram pó, com uma derrocada acumulada de 98% na bolsa. Hoje a empresa vale R$ 100 milhões na B3.

“Essa desaceleração é o retrato não só do retorno do comércio presencial no período pós-pandemia, mas também da instabilidade financeira da China, que padece de desaceleração financeira desde o início de 2022 — o que impactou diretamente varejistas on-line e e-commerce chinesas, que integram um perfil considerável de seus clientes”, escreveu a companhia, no plano de reestruturação de dívidas.

Na avaliação da empresa, a crise atual é “plenamente superável”, especialmente considerando os efeitos da atual reestruturação de dívidas com os credores.

A companhia tinha conseguido evitar a recuperação judicial até então, mas precisou fazer um duro plano de reestruturação das dívidas em outubro de 2023 para limpar o balanço e alongar o prazo do pagamento dos débitos.

Inicialmente, essa renegociação incluiu os credores financeiros e de mercado de capitais — bancos e debenturistas —, que detinham dívidas da ordem de R$ 750 milhões. Com a reestruturação, a empresa conseguiu diminuir os débitos em  82%, com R$ 582 milhões convertidos em ações e o valor restante, alongado.

No primeiro semestre deste ano, a Sequoia também anunciou uma combinação de negócios com a Move3.

Apesar dessas medidas, os papéis SEQL3 ainda acumulam baixa de 72% neste ano, e ainda precisaram passar por um grupamento, pois chegaram a ser negociados na casa dos centavos.

Fonte: SeuDinheiro

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