O cenário fiscal incerto, os juros em alta e a falta de visibilidade para possíveis catalisadores para os preços das ações brasileiras no curto prazo indicam, na visão do BTG Pactual, um início de ano difícil para a bolsa doméstica.

Em razão disso, o banco recomenda, ao menos para o começo de 2025, um posicionamento mais defensivo, com foco em ações de empresas geradoras de caixa no curto prazo, pagadoras de dividendos e que se beneficiem de um dólar mais forte, evitando nomes do varejo, companhias alavancadas e aquelas que só devem gerar caixa de forma mais robusta num futuro mais distante.

Já mostramos aqui no Seu Dinheiro as ações recomendadas pelo BTG para iniciar o próximo ano, bem como aquelas que o banco acredita que devem se beneficiar mais do real desvalorizado.

Ficaram faltando apenas as indicações entre as boas pagadoras de dividendos para completar a “trindade da defensividade” para o próximo ano.

Lucros das companhias continuarão crescendo?

De acordo com o relatório do BTG com os prognósticos e recomendações para a bolsa em 2025, o crescimento dos lucros das companhias mais expostas ao mercado doméstico deve desacelerar em 2025 em comparação a 2024, e “para aquelas altamente alavancadas e com a maior parte da sua dívida atrelada à Selic, a situação deve ser mais dramática.”

A expectativa dos analistas do banco para os lucros consolidados das empresas abertas brasileiras, com exceção de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), foi revisada para baixo em 2,7% em comparação às estimativas de seis meses atrás. Houve um incremento de 1,2% nas estimativas para as empresas expostas ao mercado doméstico e uma revisão para baixo em 5,3% para as exportadoras.

Tirando da conta a WEG e as companhias processadoras de alimentos, a previsão para o crescimento dos lucros das companhias domésticas no próximo ano caiu 0,8%, “talvez uma reação inicial diante da expectativa de um ambiente econômico mais difícil em 2025”, diz o relatório.

Desde junho, os analistas do BTG cortaram suas estimativas de lucros em 2025 para 12 de 20 setores. Sem considerar Petrobras e Vale, os setores que sofreram os cortes mais profundos foram Óleo e Gás (-R$ 6,5 bilhões; -29%), Metais e Mineração (-R$ 2,8 bilhões; -22%) e Varejo (-R$ 2,4 bilhões; -16%).

Já os que tiveram revisão para cima foram os setores de Alimentos (+R$ 3,7 bilhões; +41%) e de Bens de Capital (+R$ 2,6 bilhões; +25%).

No ano de 2025 como um todo, porém, os lucros das empresas brasileiras negociadas em bolsa devem crescer 16% ante 2024, enquanto em 2024 a estimativa é de um crescimento anual de 14%, na visão do banco.

De todo modo, diz o BTG, a dinâmica de crescimento no ano que vem deve ser bem diferente. Enquanto o crescimento dos lucros das empresas expostas ao mercado doméstico deve desacelerar para 8% na comparação anual (ante um crescimento de 29% em 2024), os lucros das exportadoras devem crescer 43% na comparação anual, recuperando-se de um declínio de 33% em 2024.

Os analistas, no entanto, alertam que se a Selic ficar acima do esperado, o crescimento dos lucros das empresas expostas ao mercado doméstico pode ser ainda menor que 8% em 2025.

O grande motor dos lucros das companhias abertas no ano que vem, na visão do BTG, deve ser o setor bancário, cujos resultados devem crescer 11% na base anual, uma alta de R$ 12,5 bilhões.

As ações que devem pagar mais dividendos em 2025

Por isso mesmo, das 20 ações de empresas boas pagadoras de dividendos recomendadas pelo BTG para o ano que vem, seis são do setor financeiro, sendo quatro bancos.

No entanto, outras companhias de setores tradicionalmente considerados defensivos e bons pagadores de proventos também entraram na lista, sendo três empresas de utilities (utilidades públicas, como os setores de saneamento e energia) e duas companhias de telecomunicações.

O destaque, porém, vem de um setor que não é tradicionalmente considerado em listas de boas pagadoras de dividendos e que costuma ser inclusive prejudicado em tempos de juros altos: o de construtoras de imóveis residenciais.

O top 20 do BTG traz cinco representantes do setor, sendo três delas voltadas para o segmento de baixa renda, altamente beneficiado pelo programa Minha Casa Minha Vida, e duas voltadas para médio e alto padrões.

Vem do setor de construção civil também a ação que deve ter o maior dividend yield (retorno com dividendos) de 2025, na visão do BTG: a Plano&Plano (PLPL3), com retorno estimado em 13% no ano que vem.

20 ações que mais devem pagar dividendos em 2025

Companhia Código da ação Setor Dividend yield em 2024* Dividend yield em 2025*
Plano&Plano PLPL3 Construtoras 4% 13%
BB Seguridade BBSE3 Financeiro (ex-Bancos) 9% 11%
Banco do Brasil BBAS3 Bancos 10% 11%
Taesa TAEE11 Utilities 6% 10%
Direcional DIRR3 Construtoras 6% 10%
Petrobras PETR4 Óleo e Gás 16% 10%
CPFL CPFE3 Utilities 9% 10%
Banrisul BRSR6 Bancos 8% 9%
Cury CURY3 Construtoras 7% 9%
OdontoPrev ODPV3 Saúde 8% 9%
Isa CTEEP TRPL4 Utilities 9% 9%
BR Partners BRBI11 Bancos 8% 9%
Marcopolo POMO4 Bens de Capital 8% 9%
TIM TIMS3 Telecom 7% 8%
Melnick MELK3 Construtoras 6% 8%
Telefônica Brasil (Vivo) VIVT3 Telecom 7% 8%
Caixa Seguridade CXSE3 Financeiro (ex-Bancos) 7% 8%
Gerdau GGBR4 Metais e Mineração 9% 8%
Banco ABC ABCB4 Bancos 7% 8%
Lavvi LAVV3 Construtoras 6% 8%
(*) Estimativa.
Fonte: BTG Pactual.

Desta seleção, as preferidas do BTG entre as grandes empresas são Banco do Brasil (BBAS3), BB Seguridade (BBSE3), Petrobras (PETR4), CPFL (CPFE3), Vivo (VIVT3) e TIM (TIMS3). Já entre as small caps, as top picks do banco são Plano&Plano (PLPL3), Direcional (DIRR3), BR Partners (BRBI11), Marcopolo (POMO4) e Odontoprev (ODPV3).

O BTG indicou ainda as 20 ações que acredita que apresentarão o maior retorno de fluxo de caixa livre em 2025, com destaques para as quatro primeiras colocadas: PetroReconcavo (RECV3), Prio (PRIO3), Boa Safra (SOJA3) e Jalles (JALL3).

20 ações com maiores retornos de fluxo de caixa livre (maiores geradoras de caixa) em 2025

Companhia Código da ação Setor FCF yield 2024* FCF yield 2025*
PetroReconcavo RECV3 Óleo e Gás 12% 20%
PRIO PRIO3 Óleo e Gás 9% 18%
Boa Safra SOJA3 Agronegócio 11% 16%
Jalles Machado JALL3 Agronegócio 14% 16%
MRV MRVE3 Construtoras -12% 12%
Suzano SUZB3 Papel e Celulose 8% 12%
Melnick MELK3 Construtoras 9% 12%
TIM TIMS3 Telecom 8% 11%
Allos ALOS3 Propriedades 21% 11%
Alupar ALUP11 Utilities 7% 11%
Natura NTCO3 Varejo -2% 11%
Irani RANI3 Papel e Celulose 9% 10%
Telefonica Brasil VIVT3 Telecom 9% 10%
Tenda TEND3 Construtoras 2% 10%
Petrobras PETR4 Óleo e Gás 18% 10%
AES Brasil AESB3 Utilities -2% 10%
Plano&Plano PLPL3 Construtoras 1% 10%
Iguatemi IGTI11 Propriedades 6% 10%
Fleury FLRY3 Saúde 7% 10%
São Martinho SMTO3 Agronegócio 9% 10%
(*) Estimativa.
Fonte: BTG Pactual.

Fonte: SeuDinheiro

Share.