Depois de receber em julho um calote que abrangeu quase todo o seu portfólio e impactou diretamente os dividendos, o fundo imobiliário Mogno Hotéis (MGHT11) iniciou a sessão desta quarta-feira (28) em disparada em meio às expectativas de que o FII enfim receba os valores atrasados da devedora.

Nas máximas do dia, o FII chegou a subir mais de 39,10% na bolsa brasileira, com as cotas negociadas a R$ 22,77 por volta das 12h.

O otimismo vem na esteira da notícia de que a Collective — controlada pelo Destination Group e com mais de 28 anos de experiência no mercado de hotéis — comprou os ativos da Selina Hospitality PLC, que consolida as operações globais da marca Selina.

Vale destacar que o MGHT11 não recebeu o pagamento de juros de junho de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) Selina — que representam 53% do patrimônio líquido do MGHT11 e tem como devedora a Selina Brazil Hospitalidades.

Além disso, os aluguéis dos Hotéis Selina na Vila Madalena, em São Paulo, e Búzios, no Rio de Janeiro — dois ativos que compõem 52% do portfólio do fundo — também não foram pagos pela Selina Brazil Hospitalidades e pela Selina Operation Hospedagem, que são as locatárias.

Agora, o FII afirmou que vai atuar em conjunto com a Collective para buscar a “melhor solução para essa situação de inadimplência” das empresas do grupo Selina, tanto nos aluguéis quanto nos CRIs devidos ao fundo.

Procurada pelo Seu Dinheiro, a Collective afirmou que está nos “estágios iniciais de compilação de dados detalhados e atualmente revisando todos os aspectos do negócio”.

O impacto do calote no Mogno Hotéis (MGHT11) 

Um dos riscos de ter um portfólio concentrado em apenas um locatário ou devedor é que, caso ele entre em inadimplência, a ausência de pagamento tem um forte impacto no resultado da carteira.

Considerando a inadimplência dos CRIs e dos aluguéis, a gestão do Mogno Hotéis (MGHT11) informou no mês passado que o impacto na receita do fundo foi de cerca de R$ 0,527 por cota. 

No entanto, considerando a data base de maio deste ano, o fundo contava com uma reserva acumulada de caixa para distribuição de R$ 0,49 por cota.

A inadimplência de boa parte do portfólio do Mogno Hotéis (MGHT11) ainda teve um duro impacto nos dividendos, com queda de cerca de 71% em julho.

Além disso, os aluguéis do imóvel de Búzios são lastros de um CRI emitido para financiar a aquisição do empreendimento. A compra foi feita via uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), a The Pearl Hotel, e custou R$ 35 milhões.

O FII explica que, por enquanto, os recursos do fundo de reserva foram utilizados para pagar os juros e amortização do título. Mas, caso a inadimplência não seja sanada, o CRI pode ter seu vencimento antecipado declarado.

Nesse cenário, a SPE, que é a cedente da operação, seria obrigada a recomprar os créditos imobiliários que lastreiam a emissão.

O Seu Dinheiro procurou a Valora, responsável pela gestão do Mogno Hotéis, e a Selina Hospitality PLC, mas não obteve resposta até o momento de publicação desta matéria. Caso as companhias retornem o contato, a notícia será atualizada com os devidos posicionamentos.

Fonte: SeuDinheiro

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