São tempos sombrios para a bolsa brasileira, não há como negar. No ano passado, as ações da América Latina (incluindo papéis negociados na B3) tiveram o pior desempenho no mundo — e a situação pode ficar ainda mais crítica no curto prazo antes de voltar a melhorar, na avaliação do Bradesco BBI.
“Costuma-se dizer que o período mais escuro é o que antecede o amanhecer, mas essas preocupações podem piorar antes de melhorar, com a iminente gestão de Donald Trump ameaçando impor tarifas, as contas fiscais do Brasil sob pressão e os impactos positivos das taxas de juros e do ciclo eleitoral provavelmente só aparecendo na segunda metade de 2025”, avaliaram os analistas.
Só que isso não significa que é hora de desistir da renda variável.
Para o bancão de investimentos, muitas empresas têm alavancas operacionais próprias frequentemente subestimadas pelos investidores, capazes de ajudá-las não só a enfrentar as preocupações macroeconômicas atuais, como até mesmo a tirar proveito delas.
Os analistas revelaram as cinco ações da B3 que melhor poderiam usar desses artifícios para aguentar os tempos incertos na bolsa. Veja abaixo:
- Vivo (VIVT3);
- Itaú (ITUB4);
- Weg (WEGE3);
- Ambev (ABEV3); e
- Prio (PRIO3).
Há outras cinco companhias latino-americanas que também poderiam se beneficiar do cenário adverso daqui para frente, ainda que em proporção menor.
São elas: Natura (NTCO3), Mercado Livre (MELI34), SLC Agrícola (SLCE3), Iochpe-Maxion (MYPK3) e Enel Chile (ENELCHIL).
Como sobreviver à volatilidade do mercado de ações?
Um dos principais “motores de autoajuda” que empresas como a Weg (WEGE3) e a Ambev (ABEV3) poderiam usar para atravessar a tempestade na bolsa brasileira é o poder de precificação.
Com a inflação em alta no Brasil e o crescimento desacelerando, as empresas que conseguem reajustar preços sem tanto impacto na demanda costumam performar melhor.
Segundo os analistas, os setores de bens de consumo essenciais — como alimentos e bebidas e produtos de higiene, por exemplo — e telecomunicações lideram em termos de margens brutas ajustadas pela volatilidade.
Outra questão que pode servir de catalisador no mercado de ações é a consolidação de mercado. Com a concorrência enfraquecida e players realizando fusões e aquisições (M&As) proativos, empresas mais fortes podem ter ganhos de participação (market share).
O movimento recorde de recompra de ações entre as empresas brasileiras é outra alavanca para sobreviver à volatilidade. A tendência demonstra um duplo benefício de habilidade e confiança da gestão das companhias sobre o futuro dos negócios.
A situação do mercado de ações no exterior também é um catalisador, segundo o Bradesco BBI. O atual patamar de preços dos ativos nos Estados Unidos e a reprecificação de papéis argentinos também oferecem flexibilidade adicional para muitas empresas da B3.
Por fim, os analistas destacam as ações que estão superando os problemas de 2024 ou possuem catalisadores claros e positivos no radar.
Fonte: SeuDinheiro