Grande estudioso dos ciclos de mercado e admirado pelo megainvestidor Warren Buffett, Howard Marks, gestor da Oaktree Capital, não vê excesso de otimismo no mercado americano neste momento, nem acha que as ações em Wall Street estejam excessivamente caras.
“Não vejo hoje grandes excessos na economia ou no mercado americanos. A principal métrica de avaliação de ativos está um pouco acima da média histórica, mas a maior parte dos múltiplos extremamente altos estão restritos a um punhado de ações de tecnologia”, disse Marks, que participou remotamente do evento Avenue Connection, realizado em São Paulo, nesta quarta-feira (24), pela corretora Avenue.
Perguntado sobre em que momento do ciclo ele acreditava que os mercados globais estavam, o gestor da Oaktree se referia ao múltiplo Preço/Lucro (P/L) do S&P 500, principal índice de ações das bolsas americanas.
Segundo Marks, o indicador está hoje em 22 vezes, sendo que a média histórica é 16, indicando que o índice está um pouco caro, mas não tão caro a ponto de preocupar com a possibilidade de uma eventual bolha.
“Não vejo excesso de otimismo. Não vemos excessos na construção civil ou acúmulos de estoque. A maior parte das pessoas está um pouco preocupada com as implicações geopolíticas dos investimentos”, observou.
Marks lembra ainda que, no cenário atual de juros altos nos Estados Unidos, os retornos nos ativos de crédito – especialidade da Oaktree – estão elevados e muito atrativos, sendo possível receber de 7,5% a 8% ao ano em títulos high yield (de alto retorno e maior risco).
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O mundo sempre teve incertezas, diz Howard Marks
Questionado sobre sua visão quanto ao mercado do ponto de vista macroeconômico e geopolítico, Marks respondeu que muita gente diz que nunca viu tanta incerteza no mundo quanto há hoje, mas que a verdade é que o mundo sempre pareceu incerto.
“E se não parecer, é uma ilusão perigosa. Hoje os riscos são conhecidos, estão na mesa, e isso é saudável”, disse no evento.
Ele deu o exemplo da guerra entre Rússia e Ucrânia e o risco de que ela se torne um conflito nuclear que atingisse o restante da Europa.
“Eu chamo isso de um desastre improvável. Se acontecesse seria um desastre, mas é muito improvável. Assim, quando você pensa no potencial de juros compostos a 7%, 8%, 9% ao ano e quanto dinheiro o investimento de longo prazo poderia gerar, acho que esses desastres improváveis com que a gente se preocupa não deveriam nos dissuadir de investir”, afirmou.
Marks já havia defendido, na sua fala, que a coisa mais importante para um investidor é praticar a paciência e que ninguém ganha dinheiro comprando e vendendo ativos o tempo todo, mas sim “segurando bons investimentos por um prazo longo”.
“Use a sua energia mental para suportar tempos difíceis. Quando as pessoas têm medo e começam a vender, aguente firme e não venda. Historicamente é melhor do que ficar tentando acertar o momento de entrar ou sair do mercado”, aconselhou.
Fonte: SeuDinheiro