Depois de inúmeros trimestres de decepções com balanços aquém das expectativas, o Bradesco (BBDC4) parece enfim estar “no caminho certo” para deixar o fundo do poço. Pelo menos, é o que diz o JP Morgan.

Os analistas mantiveram recomendação overweight — equivalente a compra — para as ações BBDC4 e fixaram um novo preço-alvo de R$ 20 para o fim de 2025 — acima do target anterior, de R$ 18 para o final deste ano.

O novo valor implica em uma valorização potencial de 28,8% em relação ao último fechamento, de R$ 15,52.

A revisão para cima das estimativas acontece depois da surpresa com o resultado do banco no segundo trimestre de 2024, que superou as expectativas ao entregar um lucro líquido de R$ 4,7 bilhões entre abril e junho.

As ações do Bradesco reagem positivamente à visão otimista dos analistas. Por volta das 14h36, os papéis subiam 2,26%, cotados a R$ 15,87. No ano, o banco ainda marca uma desvalorização de cerca de 2,8% na B3.

Vale lembrar que o JP Morgan não foi o único a melhorar as expectativas. Recentemente, outros dois bancos de investimentos revisaram para cima as perspectivas para o Bradesco — incluindo um de seus principais rivais, o Itaú BBA.

Segundo os analistas, a tese para o Bradesco é “simples” — e a busca do banco pela rentabilidade perdida dos últimos trimestres é um dos principais fatores que pavimenta as perspectivas otimistas do JP Morgan para as ações BBDC4.

No segundo trimestre, o segundo maior banco privado do Brasil deu os primeiros sinais de recuperação dos indicadores, com o ROAE (retorno sobre o patrimônio líquido médio) chegando a 10,8% — ainda muito aquém do patamar de 20% que a empresa ostentou em seus melhores dias. 

“Após atingir o fundo do poço, o Bradesco vem ensaiando uma recuperação, e os resultados do 2T24 foram uma primeira indicação de movimento nessa direção, com o crescimento dos empréstimos reacelerando, inflexão da margem financeira (NII) do cliente e o ROE subindo lentamente”, escreveram os analistas, em relatório. 

Para o banco norte-americano, todas essas melhorias nos números do Bradesco serão graduais — mas há indícios de que a companhia deve retornar ao patamar de ROE de 15% a 16% mais cedo do que a administração do banco tem sinalizado. 

Atualmente, bancos menores, com menor escala em tecnologia e financiamento, já entregam ROEs superiores a 12%. 

Isso significa que, se a divisão de varejo do Bradesco retornar a pelo menos esse nível, o banco consolidado pode retornar à marca de 16% — o que implica em um valor contábil de 1,2 vez. 

Como o Bradesco não segmenta os números como varejo e atacado, a conta do JP Morgan considera as cifras excluindo as divisões de previdência e seguros e o Bradesco BBI.

“Considerando que bancos menores no Brasil operam com +12% de ROE, acreditamos que é difícil não ver o “varejo” do Bradesco eventualmente recuperando sua lucratividade”, afirmou o banco norte-americano.

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Os riscos para a tese das ações BBDC4

Não que o cenário apertado do setor financeiro tenha ficado mais fácil para o Bradesco. Na realidade, segundo os analistas, o banco ainda tem um caminho de recuperação para trilhar, enquanto as fintechs continuam sendo uma ameaça e taxas mais altas são um obstáculo.

Porém, considerando que o Bradesco vai conseguir retomar os níveis de rentabilidade, a relação entre risco e recompensa permanece positiva, na visão do JP Morgan.

Na avaliação dos analistas, a evolução da margem financeira do Bradesco nos próximos trimestres é atualmente o principal fator que poderia fazer as ações BBDC4 superarem a tese já otimista do JP Morgan.

Já do lado negativo, os analistas avaliam que existem quatro fatores que podem ruir com as perspectivas construtivas para o Bradesco. São eles:

  • Qualidade de ativos mais desafiadora do que o esperado, nunca retornando aos níveis históricos; 
  • Movimentos políticos que afetam negativamente o crescimento ou a lucratividade; 
  • Competição mais acirrada de neo bancos ou bancos públicos; e 
  • Desempenho de despesas pior do que o esperado.

Fonte: SeuDinheiro

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