A divulgação de um prejuízo bilionário pela Petrobras (PETR4) no segundo trimestre de 2024 assustou os investidores em um primeiro momento.
No entanto, a reação do mercado parece mais comedida do que se poderia supor diante de um prejuízo de R$ 2,6 bilhões.
Mais cedo, os ADRs da petroleira caíam cerca de 1% no pré-mercado em Nova York.
Quando o Ibovespa abriu, as ações PETR3 e PETR4 recuavam cerca de 2,5% nos primeiros movimentos do pregão.
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A resposta para isso encontra-se em outras informações divulgadas pela Petrobras junto com o balanço.
A maior parte do resultado negativo é atribuída a fatores que a companhia considera não recorrentes.
São eles:
- a brusca depreciação do real em relação ao dólar no fim do primeiro semestre; e
- um acordo com o governo para encerrar uma disputa em torno dívidas tributárias da ordem de R$ 11,5 bilhões.
Excluídos esses fatores, que já eram de conhecimento dos analistas antes da divulgação do balanço, a Petrobras obteve lucro líquido recorrente de R$ 15,728 bilhões no segundo trimestre.
Sem o impacto do acordo tributário, a Petrobras teria registrado um lucro de quase R$ 30 bilhões no período, levando em conta a variação cambial.
Mas a boa notícia é outra.
Em outro comunicado, a Petrobras informou que a redução da projeção (guidance) de investimentos para 2024 de US$ 18 bilhões para algo entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões.
E a expectativa dos analistas é que essa redução de mais de 20% do volume projetado de investimentos potencialize a distribuição de dividendos pela companhia.
Analistas do banco BTG Pactual consideram a geração de fluxo de caixa livre da Petrobras pode continuar a surpreender positivamente, abrindo caminho para dividendos extraordinários no futuro.
“Estamos antecipando essa possibilidade há algum tempo. O fato de a empresa não ter revisado sua meta de produção de 2,2 milhões de barris por dia para 2024 ressalta ainda mais que a projeção de investimento por barril estava superestimada”, afirmam os analistas do BTG Pactual.
A visão dos analistas do Itaú BBA é semelhante. Segundo eles, porém, o corte nos investimentos tem o potencial elevar em dois pontos porcentuais o volume de dividendos regulares da petroleira para 2024.
Já os profissionais do Goldman Sachs acreditam que a Petrobras não deve conseguir cumprir integralmente o plano de investimento em execução, mantendo aberto o espaço para mais remuneração aos acionistas no decorrer dos próximos trimestres.
Ainda sobre os dividendos da Petrobras (PETR4)
Mesmo reportando um prejuízo bilionário, a Petrobras anunciou R$ 13,57 bilhões em dividendos intercalares e juros sobre capital próprio.
O dinheiro dos proventos saiu da reserva de capital anunciada pela direção da companhia no início do ano. O cálculo teve como base o resultado acumulado do primeiro semestre de 2024.
Na ocasião, a retenção de dezenas de bilhões de reais potencialmente conversíveis em dividendos extraordinários foi alvo de críticas por parte do mercado.
No segundo trimestre, porém, ela cumpriu a função informada pela Petrobras de assegurar dividendos em períodos nos quais os resultados não fossem satisfatórios.
Em conferência com analistas, diretores da Petrobras disseram que o saldo da reserva de capital não deveria ser interpretado como um teto para possíveis dividendos extraordinários.
Para os analistas do Itaú BBA, “mesmo considerando o saldo restante da reserva como um teto para dividendos extraordinários para 2024, a redução no capex (investimento) deve compensar a redução da reserva de capital”.
Com base no mesmo cálculo, o dividend yield potencial para este ano passaria de 20% para 21%.
“Além disso, acreditamos que a intenção explícita da empresa de anunciar os dividendos extraordinários até novembro, conforme mencionado na teleconferência com analistas, provavelmente será bem recebida pelo mercado”, segundo o Itaú BBA.
A expectativa anterior era que a Petrobras discutisse os dividendos extraordinários de 2024 depois da divulgação dos resultados do quarto trimestre — ou seja, no ano que vem.
Fonte: SeuDinheiro