Por que as ações da MRV (MRVE3) e de outras construtoras caem forte na bolsa hoje — enquanto JBS (JBSS3) e outras exportadoras lideram os ganhos 

Diante de mais um pregão tingido de vermelho, o sonho de um rali de fim de ano para a bolsa brasileira parece cada vez mais distante. Os investidores de ações assistem a uma queda generalizada na B3 nesta quinta-feira (28), com a MRV (MRVE3) liderando a ponta negativa do Ibovespa no início da tarde.

Por volta das 11h50, os papéis MRVE3 caíam 7,62%, negociados a R$ 5,7. Com o desempenho de hoje, a construtora focada em baixa renda amplia as perdas acumuladas no ano, com desvalorização de 49% desde janeiro.

Vale destacar que a MRV não é a única construtora no vermelho hoje. O setor imobiliário cai em bloco na B3, impactado pela pressão dos juros futuros (DIs) e do dólar, que avançam em reação ao anúncio do pacote fiscal do governo federal.

 Confira as maiores quedas do Ibovespa por volta das 11h50:

O plano de corte de gastos prevê a economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. Por outro lado, o Ministério da Fazenda também anunciou uma renúncia fiscal relevante, com a ampliação da isenção do imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês.

O ministro Fernando Haddad detalhou nesta manhã as medidas do pacote de corte de gastos de R$ 70 bilhões. Confira aqui as novas regras ponto a ponto.

Em meio às decisões macroeconômicas, os DIs registram alta por toda a curva, enquanto o dólar estendeu o rali e brevemente rompeu a barreira de R$ 6,00 no mercado à vista.

Na avaliação do CEO da Swiss Capital Invest, Alex Andrade, os impactos podem ser severos para o setor de construção civil, uma vez que o dólar mais forte encarece os insumos importados e pressiona os custos logísticos. 

“Isso compromete a viabilidade de novos projetos e reduz a margem de lucro das empresas do setor. Sem uma estratégia fiscal sólida e medidas que restaurem a confiança no mercado, a construção civil, que é um motor crucial para a economia brasileira,enfrentará desafios ainda maiores nos próximos meses”, disse Andrade. 

A sangria do Ibovespa

O setor de construção não é o único no vermelho hoje. Na realidade, o dia é de sangria para a maior parte das empresas, com o Ibovespa renovando as mínimas do dia no início da tarde.

Por volta das 12h, o principal índice de ações da bolsa brasileira caía 1,16%, aos 126.183 pontos.

A derrocada na B3 é ainda mais evidente nas ações de companhias mais endividadas — como as do setor de educação e de construção — e ligadas ao consumo, como é o caso do varejo e do turismo.

Esses negócios costumam ser mais sensíveis a fatores macroeconômicos como juros, inflação, o cenário fiscal e o câmbio. 

“Para as empresas, especialmente aquelas que dependem de insumos importados ou têm dívidas em moeda estrangeira, a valorização do dólar representa um aumento significativo nos custos, afetando diretamente as margens de lucro e a competitividade no mercado”, avaliou João Kepler, CEO da Equity Fund Group.

Por que a JBS (JBSS3) sobe na B3 hoje

Apesar do mau humor generalizado na bolsa brasileira hoje, há ativos que conseguiram nadar contra a maré negativa e avançam nesta quinta-feira. 

A ponta positiva do Ibovespa é dominada por ações de companhias exportadoras, como a JBS (JBSS3) — que se beneficiam do dólar mais forte.

Isso porque parte das vendas dessas companhias é realizada em dólar, enquanto a maior parcela de seus custos é em moeda local. Por isso, um real fraco normalmente é benéfico para as empresas de exportação.

Veja as maiores altas do Ibovespa: