Nos corredores da bolsa brasileira, uma aluna que não anda tirando boas notas na B3 acaba de “passar de ano” aos olhos do Santander. A Yduqs (YDUQ3) se tornou a ação favorita dos analistas no segmento de educação para os próximos 12 meses.
Com recomendação “outperform” — equivalente a compra — para os papéis, o banco elevou o preço-alvo para R$ 22 para o fim de 2025.
Isso significa que as ações poderiam mais do que dobrar em relação às cotações do último fechamento, com uma valorização potencial implícita de 116%.
Mas vale ponderar que a Yduqs anda tirando “notas vermelhas” na bolsa, com uma queda acumulada da ordem de 50% apenas neste ano.
Na avaliação do Santander, a perda no valor de mercado tornou a Yduqs barata. Nas contas dos analistas, a empresa atualmente é negociada a um valuation descontado em relação à média de três anos.
Para o próximo ano, os analistas projetam um múltiplo de 11 vezes a relação preço sobre lucro (P/L) para as ações YDUQ3.
Em meio ao otimismo dos analistas, as ações figuravam entre as maiores altas do Ibovespa pela tarde. Por volta das 12h37, os papéis subiam 3,55%, a R$ 10,51.
M&As no radar da Yduqs (YDUQ3)
Um ponto que poderia impulsionar a Yduqs são os potenciais acordos de fusão e aquisição (M&As) com outros players do setor, como Cogna (COGN3) e Vitru (VTRU3).
“Acreditamos que um acordo com a Vitru ou a Cogna, pelo preço certo, poderia gerar valor para os acionistas e poderia ser aprovado com algumas restrições”, afirmou o Santander.
Segundo os analistas, um possível acordo com a Vitru poderia exigir alguns remédios para ser aceito pelos órgãos antitruste como o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Afinal, uma possível combinação da Yduqs e da Vitru — dona da Uniasselvi e da UniCesumar — levaria a uma única entidade controlando uma significativa fatia de mercado nacional no ensino à distância, de 36%, o que poderia criar problemas com o Cade.
Atualmente, o limite de 30% tem sido usado pelas autoridades antitruste para determinar um mercado concentrado.
Já uma negociação com a Cogna poderia ser aprovada, segundo os analistas, mas também com restrições.
“No passado, uma combinação da Yduqs e da Cogna teria levado a uma grande fatia de mercado no segmento de ensino à distância. No entanto, as empresas perderam participação de mercado nos últimos anos, especialmente após a desregulamentação do segmento de ensino à distância em 2017, que culminou na entrada de novos concorrentes”, afirmaram.
Nas contas do banco, a participação de mercado nacional combinada para Yduqs e Cogna no segmento EAD seria de cerca de 29%.
“No geral, acreditamos que é improvável que haja muita consolidação no curto prazo devido à incerteza regulatória e a grandes diferenças entre os valuations dos pares.”
Segundo os analistas, a companhia ainda oferece a “melhor exposição da categoria” a um negócio de ensino presencial resiliente, além de uma divisão premium grande — Ibmec e Medicina —, uma das melhores plataformas de educação à distância e um balanço patrimonial forte.
No entanto, na avaliação do Santander, a Yduqs encontra-se com um posicionamento “light” entre os pares locais. Ou seja, poucos investidores estão alocados nas ações — e alguns ainda operam vendidos nos papéis YDUQ3 devido ao fraco momento dos lucros.
“Os resultados deste ano foram decepcionantes em relação aos volumes do segmento de ensino à distância e, mais recentemente, no lado dos preços no segmento Presencial. Além disso, maiores investimentos em marketing e maiores provisões para devedores duvidosos (PDA) também reduziram a margem Ebitda durante o primeiro semestre”, afirmaram os analistas.
Com isso em mente, as expectativas fracas do mercado já estão fracas para a temporada de captação da empresa no segundo semestre.
O Santander prevê que as matrículas no segmento presencial provavelmente crescerão a uma taxa de um dígito “médio a baixo”.
Do lado premium, as matrículas nos cursos de Medicina devem continuar a impulsionar o crescimento, especialmente porque o Ibmec tem sofrido pressões no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.
O ensino à distância também tem enfrentado desafios, em meio a possíveis novas regulamentações do Ministério da Educação para o segmento e ao pelo fenômeno das casas de apostas (bets) no Brasil.
“Continuamos esperando um desempenho fraco e, portanto, prevemos que a captação do EaD diminua em 9% no segundo semestre em base anual. No futuro, projetamos um baixo crescimento de um dígito para o segmento em 2025.”
Isso significa que, se a empresa conseguir surpreender positivamente e entregar uma geração robusta de fluxo de caixa livre (FCF), os analistas veem possibilidade de “revisões de lucros e múltiplas reclassificações”.
Na projeção do Santander, a empresa será capaz de gerenciar melhor os custos e despesas durante o segundo semestre para gerar um lucro líquido maior no período.
Fonte: SeuDinheiro