A recente desaceleração no preço do bitcoin (BTC) não indica perda de força da criptomoeda. Embora o caminho para alcançar os tão esperados US$ 100 mil pareça mais longo do que o previsto, grandes investidores continuam apostando pesado no ativo digital.
A MicroStrategy Inc., conhecida por ser uma das maiores defensoras corporativas do BTC, anunciou a compra de mais US$ 1,5 bilhão em criptomoeda. Esta é a quarta aquisição semanal consecutiva feita pela empresa, reforçando sua posição como uma das líderes na adoção institucional da moeda digital.
Por conta dessa movimentação na manhã de segunda-feira (02), o bitcoin surpreendeu ao disparar mais de US$ 2.000 em apenas uma hora, segundo dados da Cointelegraph Markets Pro e do TradingView. No entanto, a euforia durou pouco: por volta das 14h, a moeda já acumulava queda de 2,15% no período de 24 horas.
Compra em alta, mas por que a queda?
No mesmo dia em que a MicroStrategy anunciou uma aquisição bilionária de bitcoin, o governo dos Estados Unidos transferiu quase US$ 2 bilhões em BTC apreendidos do antigo mercado da dark web Silk Road para a Coinbase, de acordo com dados da blockchain.
A Arkham Intelligence identificou as transações realizadas pelas autoridades, confirmando que os bitcoins eram oriundos do Silk Road. Após uma breve passagem por outra carteira, o montante de 19.800 BTC, avaliado em US$ 1,92 bilhão, foi transferido para a maior exchange de ativos digitais da América do Norte.
Embora a Coinbase Prime tenha um contrato com o governo para gerenciar e custodiar os ativos, sem necessariamente vendê-los de imediato, a operação causou preocupação no mercado.
Movimentos massivos de bitcoin por parte das autoridades geralmente assustam investidores, que especulam a possibilidade de venda — mesmo quando não há confirmação disso.
Essa tensão ajudou a puxar o preço do BTC para baixo, contrariando o impacto esperado de uma compra de grande porte como a da MicroStrategy.
Microsoft investindo em bitcoin?
A volatilidade não é novidade para quem acompanha o mercado e não abala a confiança de grandes investidores no potencial de longo prazo do ativo.
Um exemplo disso é o Michael Saylor, ex-CEO da MicroStrategy, que, no próximo dia 10 de dezembro, apresentará ao conselho da Microsoft uma proposta para incluir bitcoin no balanço da gigante de tecnologia.
Essa não seria a primeira conexão da Microsoft com o bitcoin. Grandes acionistas da empresa, como Vanguard, BlackRock e Fidelity, já possuem exposição ao mercado de criptoativos por meio de investimentos em empresas com exposição à criptomoeda — como a corretora de ativos digitais (exchange) Coinbase e a própria MicroStrategy.
Resta saber se isso será suficiente para convencer a Microsoft a dar esse passo estratégico.
O não tão pequeno problema do dólar
Enquanto isso, o bitcoin segue como peça central em movimentos milionários de aquisição, impulsionados pelas expectativas em torno do futuro governo de Donald Trump. Essa onda de interesse pode ser a faísca que levará a moeda à tão aguardada marca de US$ 100 mil.
No curto prazo, porém, o fortalecimento do dólar impõe um desafio adicional. Donald Trump mudou sua postura anterior de defender um dólar mais fraco, exigindo que os países membros do BRICS não criem uma nova moeda nem apoiem outra que possa substituir o dólar, sob pena de enfrentar tarifas de 100%.
O índice do dólar, o DXY – uma medida de seu valor em relação a outras moedas principais – subiu 0,85% e chegou a 106,67.
Como o bitcoin é cotado em dólar, sua valorização frente a outras moedas torna o ativo mais caro para investidores internacionais e limita o fôlego do criptoativo em alcançar novos patamares.
A situação é mais complicada ainda para os investidores brasileiros que têm que lidar com a valorização do dólar em relação ao real. O anúncio do pacote fiscal do governo na semana passada decepcionou o mercado e levou a moeda norte-americana acima dos R$ 6.
*Com informações do Cointelegraph
Fonte: SeuDinheiro