O bitcoin (BTC) acumula alta de quase 40% desde o começo do ano e já renovou as máximas históricas em 2024. Porém, o mercado de criptomoedas não sai do “zero a zero” há algumas semanas — o que se reflete na incapacidade da maior moeda virtual do planeta de superar o patamar de US$ 60 mil.
Para Sebástian Serrano, CEO e cofundador da corretora de criptomoedas (exchange) Ripio, será difícil o mercado sair do marasmo. “O mercado deve ficar lateralizado até o final do ano, ainda que as métricas de adoção, escalabilidade e crescimento da rede estejam crescendo”, comenta.
Serrano compara o desempenho das criptomoedas até o momento com o das ações. “Excluindo as ações de Inteligência Artificial (IA), o restante do mercado está em baixa, e cripto vem performando na média”, comenta.
Porém, o executivo citou os eventos que devem movimentar os preços das criptomoedas até o final deste ano, como a conclusão das eleições nos Estados Unidos, o corte de juros norte-americanos e o aumento da regulação do setor.
Serrano realizou uma coletiva de imprensa com jornalistas nesta quinta-feira (12) durante o evento Modular, promovido pela própria plataforma.
Confira a seguir os detalhes dessa conversa:
Grandes demais para quebrar
Qual o melhor presidente para as criptomoedas?
Entre o republicano e a democrata, Serrano foi categórico ao afirmar: “se [Donald] Trump ganhar, será muito bom para cripto. Se a Kamala [Harris] ganhar, será negativo para o setor.”
Vale lembrar que Trump é um candidato declaradamente pró-cripto, enquanto Kamala mantém uma opinião discreta sobre o tema.
Mas suas críticas vão além das políticas de cada um dos candidatos e são mais direcionadas a uma pessoa específica: Gary Gensler, presidente da SEC, a CVM dos EUA. “Deveriam trocar ele da SEC. Gensler é claramente anticripto”, diz Serrano.
O executivo diz ainda que o chefe da Commodity Futures Trading Commission (CFTC), Scott Mixon, também deveria ser substituído. Isso porque tanto a SEC quanto a CFTC são órgãos que legislam sobre o mercado de criptomoedas — ainda que com alguma divergência.
Mas ele vê com bons olhos a recente aprovação dos ETFs de bitcoin e ethereum à vista nos Estados Unidos, mencionando que este é um passo importante para a institucionalização das criptomoedas.
Brasil e a América Latina na adoção as criptomoedas
A Ripio foi uma das primeiras plataformas a atuar na América Latina e, atualmente, atende cerca de 11 milhões de clientes em toda região.
Porém, enquanto no Brasil as criptomoedas são utilizadas como um investimento alternativo, em outras partes da América Latina — como na Argentina, onde a Ripio nasceu — há aplicações no dia a dia.
“Na America Latina, 80% do uso de criptomoedas vem de stablecoins, o restante são transações com bitcoin e outras moedas. São casos mais pragmáticos de transação e economias do que de investimento”, diz Serrano.
Por esse motivo, diz o CEO, a plataforma da Ripio ainda não investe em produtos variados de investimento, como opções de compra e venda (open interests) com criptomoedas.
Ao invés disso, a corretora busca outros usos para moedas virtuais, oferecendo, por exemplo, cartões de crédito com criptomoedas.
E o real digital…
Por falar em opções de uso, o Seu Dinheiro perguntou se o Drex, o real digital, não poderia substituir a plataforma no dia a dia.
Afinal, o Banco Central (BC) já apresentou 13 casos de uso para a “criptomoeda do banco central” e alguns deles estão presentes no cotidiano da população, como tomada de empréstimos e compra de veículos.
Serrano discorda. “O Drex é uma iniciativa muito inovadora e interessante, mas tem desafios técnicos muito presentes, em especial na questão de privacidade. Vai demorar mais do que a gente gostaria para ver esse projeto ser exitoso.”
O CEO da Ripio elogia ainda a atuação de Roberto Campos Neto, presidente do BC, que é um reconhecido entusiasta de tecnologias blockchain.
“O Banco Central brasilerio mostra uma capacidade muito forte de fazer um produto desse tipo. Igual a ele, só o BC da Índia e da China conseguiriam fazer algo parecido.”
Fonte: SeuDinheiro