A safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 295,9 milhões de toneladas de acordo com a estimativa de junho do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado nesta quinta-feira (11) pelo IBGE.
Este resultado é 6,2% menor, ou 19,5 milhões de toneladas abaixo da safra obtida em 2023 (315,4 milhões de toneladas) e 0,3% inferior (940,3 mil toneladas) do que a estimativa de maio.
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A área a ser colhida foi de 78,3 milhões de hectares, um aumento de 0,6% (462,7 mil hectares) frente a 2023. E também representa um acréscimo de 8.220 hectares (0,0%) em relação a maio.
Apenas o algodão registrou recorde de produção, com crescimento de 9,8%, em decorrência do acréscimo de 12,5% na área cultivada.
Segundo Alfredo Guedes, gerente de agricultura do IBGE, a safra 2023/2024 teve vários problemas desde o início da sua implantação, como falta de chuvas e ocorrência de altas temperaturas, durante a safra de verão (1ª safra), havendo a necessidade do replantio de algumas áreas.
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“No Rio Grande do Sul houve excesso de chuvas e inundações. E agora, com a colheita do milho de segunda safra, temos constatado que esses problemas foram mais graves que imaginávamos”, comentou em nota.
Ele destaca que os estados que sofreram as maiores reavaliações foram Minas Gerais, com uma queda de quase 900 mil toneladas, além de Paraná e Bahia. Em contrapartida, houve crescimento na estimativa da produção do arroz em Tocantins.
O gerente do LSPA, Carlos Barradas, por sua vez, observou que a redução da produção reflete o impacto dos problemas climáticos ocorridos em 2023 e 2024, não só de excesso de chuvas, mas também de seca no bioma Cerrado, em alguns estados, especialmente Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.
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“No Rio Grande do Sul, o IBGE vem intensificando esforços no sentido de levantar as perdas em decorrência do excesso de chuvas e das inundações”, disse.
Em junho, a estimativa da produção do trigo está crescendo 23,7% em relação a 2023. Mas, em parte se deve à baixa base de comparação da safra do ano anterior, quando a produção foi muito impactada por problemas climáticos.
Em face dos problemas com o excesso de chuvas e inundações no Estado, é possível que esses números não se confirmem, pois ainda não se sabe os prejuízos ocorridos de perdas de solo nas áreas de plantio. Além disso, os preços do produto não estão colaborando.
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Segundo Barradas, em junho, continuam a ser apuradas as perdas ocorridas no Sul e no Cerrado. Mas, de uma forma geral, houve uma boa produção de café, recorde de produção de algodão e acréscimo de 0,1% ou 140.946 toneladas da soja, para a qual o mercado estimava inicialmente uma redução maior.
Houve ainda aumentos nas estimativas da produção do feijão 3ª safra (de 5,7% ou 42.201 toneladas), do arroz (1,8% ou 188.812 t.), do feijão 1ª safra (1,3% ou 12.485 t.), do feijão 2ª safra (0,2% ou 2.534 t. Barradas observou que o aumento da oferta é importante, pois reduz a pressão sobre os preços no varejo.
Soja, milho e arroz
A estimativa para a soja é de uma produção de 146,8 milhões de toneladas, decréscimo de 3,4% em relação à produção do ano anterior. Para o milho, é estimada uma queda de 13,3% (reduções de 15,0% no milho de 1ª safra e de 12,8% no milho de 2ª safra). A produção deve alcançar 113,7 milhões de toneladas.
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Outro produto com queda expressiva é o sorgo que deve reduzir a produção em 10,4%, alcançando 3,9 milhões de toneladas.
Outra boa notícia é o aumento da produção do arroz para 10,7 milhões de toneladas, acréscimo de 1,8% em relação a estimativa do mês anterior, e crescimento de 4,1% em relação ao volume produzido em 2023. Esse aumento deve-se à área plantada, que cresceu 6,7%, enquanto o rendimento médio teve uma retração de 2,8%.
Em junho, o Tocantins reavaliou positivamente sua estimativa de produção, devendo a mesma alcançar 764,3 mil toneladas. A produção de arroz em 2024, embora de forma apertada, deve atender ao consumo interno do País.
Fonte: InfoMoney