Há dez dias, a Vale (VALE3) passou a ser dirigida por Gustavo Pimenta, o executivo que acabou assumindo o posto de CEO da mineradora no lugar de Eduardo Bartolomeo. A sucessão, no entanto, aconteceu em meio a polêmicas, como a tentativa de interferência do governo na companhia — e as ações da empresa sentiram os efeitos.
Até agora os papéis da mineradora não se recuperaram: acumulam queda de 15% no ano — muito também pelas incertezas em torno da demanda por minério de ferro, especialmente por parte da China.
Mas, para o Goldman Sachs, a Vale tem condições de virar essa página sob a nova direção. O banco manteve a recomendação de compra para VALE, com preço-alvo de US$ 15,90 — o que representa um potencial de valorização de 36,5% sobre o último fechamento.
Nesta quinta-feira (10), os papéis da mineradora negociados na B3 fecharam em alta de 0,48%, cotados a R$ 61,25. Em Nova York, VALE subiu 0,73%, a US$ 10,99.
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Embora não espere mudanças significativas em termos de estratégia com a nova gestão da Vale, o Goldman está otimista com o avanço da mineradora em frentes importantes.
O banco acredita que a história de base provavelmente terá um forte impulso daqui para frente para a companhia – o que seria uma mudança em relação aos últimos cinco anos.
Em relação à parte operacional, o Goldman identifica três fatores de valor:
- desenvolvimento contínuo de projetos-chave aproveitando a infraestrutura existente,
- melhoria da eficiência operacional resultante de decisões desde 2019,
- possíveis mudanças na regulação de cavernas
“A gestão espera que esses fatores sejam o motor principal para aumentar a produção de minério de ferro para 350 milhões de toneladas por ano e reduzir os custos. A ênfase está na eficiência de custos. No segmento de metais básicos, o objetivo é aumentar a produção de cobre e melhorar a eficiência operacional no Canadá”, diz o banco em relatório.
Do lado financeiro, o Goldman não antecipa mudanças estratégicas significativas, mas diz que há espaço para discutir o conceito de dívida líquida expandida.
“Não estão previstas grandes fusões e aquisições, mas há potencial para negócios estratégicos”, diz o banco.
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Até julho, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva trabalhava nos bastidores para emplacar Guido Mantega no cargo de presidente da Vale.
Na ocasião, a pressão chegou ao ápice com o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, telefonando para conselheiros a fim de defender o nome do ex-ministro, segundo fontes próximas do assunto.
O governo, no entanto, acabou recuando e desistindo de tentar emplacar Mantega no cargo de CEO da mineradora. Só que no mesmo dia, o Ministério dos Transportes notificou a Vale de uma cobrança de R$ 25,7 bilhões em concessões renovadas antecipadamente no fim do governo Jair Bolsonaro.
O Goldman avalia que a nova administração pode iniciar uma nova fase na relação entre governo e empresa, o que pode aliviar preocupações recentes dos investidores, alinhar os interesses dos acionistas e resolver pendências significativas, como o acordo final de Samarco, a renovação da concessão ferroviária e ajustes regulatórios.
Fonte: SeuDinheiro