O espírito das Olimpíadas contagiou a ação da Ambipar (AMBP3), que acabou de tomar impulso para um novo salto na bolsa brasileira nesta sexta-feira (2).

Depois de liderarem os ganhos fora do Ibovespa nesta semana, os papéis continuaram a atrair as atenções e voltaram a puxar a ponta positiva da B3 no pregão de hoje. Por volta das 14h45, a valorização chegava a 19,25%, com AMBP3 negociada a R$ 61,89.

Com o desempenho robusto, a empresa de gestão de resíduos acumula alta de 269% em um mês. Já no acumulado de 2024, os papéis quase quadruplicaram de valor, com variação de 281% desde janeiro.

Em meio à disparada na B3, a Ambipar viu o valor de mercado superar a marca de R$ 8,67 bilhões.

Há motivo por trás da disparada da Ambipar (AMBP3) na B3?

A corrida da Ambipar (AMBP3) na B3 passou a levantar dúvidas entre os gestores sobre o que estaria por trás do impulso das ações — já que, em termos de fundamento, nada mudou radicalmente de um mês para cá.

Uma das principais preocupações do mercado com as finanças da Ambipar era o patamar de endividamento da companhia depois da forte rodada de aquisições realizadas ao longo dos últimos anos.

A empresa já iniciou um processo de desalavancagem, mas até o trimestre passado, o nível ainda era considerado elevado — e ainda não há indícios de que essa situação tenha mudado.

O mercado só deverá ter uma confirmação nas próximas semanas, quando o balanço do segundo trimestre for publicado, em 15 de agosto.

Em meados de julho, a própria CVM questionou a companhia se haveria algo por trás da valorização “atípica” das ações.

Na ocasião, a empresa afirmou que não tinha conhecimento de operações que poderiam resultar neste movimento e destacou que possuía um intenso programa de recompra de ações em curso.

Entretanto, desde então, a xerife do mercado de capitais brasileiro não enviou novos questionamentos à companhia sobre os potenciais motivos por trás das oscilações das ações AMBP3.

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O salto das ações AMBP3 na bolsa brasileira

Apesar da falta de respostas concretas, alguns fatores podem explicar parte do movimento da Ambipar (AMBP3).

A alta se intensificou há cerca de um mês, quando os investidores começaram a especular sobre os planos do sócio fundador e CEO da companhia, Tércio Borlenghi Junior, para a companhia.

Afinal, após garantir uma fatia relevante da empresa na oferta de ações (follow-on) realizada no ano passado, Borlenghi Junior continuou a construir posição na Ambipar, elevando sua fatia para 73,135% do capital social.

Essa situação inclusive levantou especulações no mercado sobre a necessidade de o CEO ser obrigado a fechar o capital da empresa por meio de uma oferta pública de aquisição de ações (OPA).

No entendimento de alguns investidores, o executivo supostamente teria ultrapassado o limite de um terço das ações da empresa em circulação (free float) na bolsa. Veja a reportagem completa aqui.

Segundo Guilherme Lavega, analista da Arkad, há a possibilidade de que a Ambipar (AMBP3) ainda esteja vivenciando um movimento de short squeeze na B3 — que acontece quando investidores com posições vendidas (short) desfazem suas apostas na queda do papel e recompram a ação para cobrir a posição, consequentemente elevando ainda mais os preços. 

Para Bruce Barbosa, sócio-fundador e analista de ações da Nord Research, o movimento das ações na bolsa trata-se de uma disputa de forças entre o controlador e os investidores vendidos em AMBP3.

“Nada mudou nesta história. O que está acontecendo é que o dono da empresa está comprando ações e os shorts estão tentando zerar as posições. Essa é a guerra que está rolando”, afirmou.

Qual a relação entre a escalada da Ambipar (AMBP3) na B3 e Nelson Tanure?

Não bastasse a expectativa em relação ao CEO, os investidores ainda digerem os rumores de que o empresário Nelson Tanure estaria aumentando a participação na companhia para começar a exercer influência por lá.

Conhecido por sua gestão ativa nas companhias nas quais é acionista, Tanure possui em seu histórico casos como o turnaround na Prio (PRIO3) e a disputa societária na Gafisa (GFSA3).

No dia 25 de julho, a Ambipar anunciou que os fundos da Trustee DTVM — que supostamente têm o empresário como cotista — abocanhou mais ações AMBP3.

Com a compra, a Trustee aumentou a participação para 11,03% do capital social da empresa, correspondente a cerca de 18,4 milhões de papéis ordinários — isto é, que conferem direito de voto em assembleias.

Segundo carta enviada pela gestora de fundos, o objetivo agora é indicar “um ou mais membros” para compor o conselho de administração da Ambipar.

“Não celebramos contratos ou acordos que regulem o exercício de direito de voto ou a compra e venda de valores mobiliários emitidos pela companhia”, afirmou, em nota.

Fonte: SeuDinheiro

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