As ações da Cosan (CSAN3) têm deixado seus investidores de “cabelo em pé”. Desde o início do ano, a holding já despencou 31% na bolsa, na contramão da alta de 1,21% do Ibovespa em 2024.
Em relatório publicado nesta quarta-feira (18), os analistas do BTG citam três principais fatores que são os responsáveis pela “trajetória turbulenta” das ações:
- O fraco desempenho das ações da Vale: o grupo tem 4,14% de participação na mineradora, e os papéis VALE3 acumulam queda de 25% em 2024;
- Os resultados abaixo do esperado da Raízen: empresa de combustíveis da Cosan registrou prejuízo no 2º tri de 2024; e
- Um ambiente de taxas de juros menos favorável: patamar de juros elevado é prejudicial à companhia, e expectativa de alta da Selic pode ser “inimiga” da Cosan.
Este cenário mais conturbado para a Cosan levou os analistas do banco a cortarem o preço-alvo de CSAN3 em 23%, de R$ 30 para R$ 23 por ação. Além disso, reduziram as projeções para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e o lucro líquido da companhia para 2024 e 2025.
Para este ano, a redução das expectativas no lucro líquido chegou a 30%.
Analistas calibram projeções, mas reforçam compra do papel
Embora as expectativas para a Cosan tenham sido calibradas para baixo, os analistas destacam que vale a pena investir nas ações.
A recomendação se justifica pelo desconto de 32% da holding – “um dos mais altos da história”, segundo a equipe de análise – e pela perspectiva de retorno das ações de cerca de 72% nos próximos 12 meses.
REESTRUTURAÇÃO DE DÍVIDAS
‘VACA LEITEIRA’ DA ENERGIA
O que joga contra e a favor da holding, segundo o BTG
Uma das principais preocupações do mercado sobre a Cosan tem sido o balanço bastante alavancado em um período de juros altos.
A empresa é altamente sensível à taxa Selic. Neste cenário os analistas defendem que “embora a Cosan tenha feito progressos no ajuste de sua estrutura de capital, a desalavancagem orgânica pode levar mais tempo do que o inicialmente esperado”.
Participação na Vale gera arrependimento?
Outro ponto negativo para a companhia é a compra da participação na Vale, que ocorreu em outubro de 2022.
O objetivo da Cosan com a negociação era adentrar o setor de mineração com uma gigante do mercado, mas os resultados financeiros dessa aquisição “têm sido medíocres”, na visão do banco.
Cabe lembrar que, desde a operação em 2022, a Cosan fez reduções nas ações que detinha da Vale. Em abril deste ano, a empresa vendeu 33,5 milhões de papéis – equivalente a 0,78% da mineradora –, o que a ajudou a diminuir sua dívida líquida.
Porém, para o BTG, o investimento na Vale se traduz em uma perda econômica de R$ 3,1 bilhões, quando considerado o custo de oportunidade do capital que foi investido na companhia.
Vendas de ativos e IPOs podem impulsionar a holding
Do ponto de vista do que pode ajudar a empresa daqui para frente, os analistas destacam que à medida que os dividendos das subsidiárias – como Raízen, Moove e Compass – melhorarem, a Cosan pode ser beneficiada.
Além disso, não descartam vendas de ativos e IPOs das companhias do grupo. A oferta de ações de duas subsidiárias da Cosan está no radar do mercado: a Compass, de gás natural, e a Moove, de lubrificantes.
Enquanto o IPO da empresa de gás natural segue apenas nos “burburinhos”, a companhia dos óleos Mobil já avança com sua oferta nos Estados Unidos.
Cosan dá primeiro passo para IPO da Moove nos EUA
Depois de quase três anos sem IPOs de empresas brasileiras, a Cosan deu o primeiro passo para a Moove ser listada em bolsa nos EUA. A empresa protocolou o pedido com a SEC – a CVM americana – na última segunda-feira (16).
Segundo fontes ouvidas pelo Brazil Journal, a oferta deve ser precificada no mês de outubro.
Fonte: SeuDinheiro