Depois de dois meses de uma ruidosa disputa de forças entre os investidores na bolsa, a balança das ações da Ambipar (AMBP3) parece enfim ter pendido nesta terça-feira (13) para os shorts — que possuem posições vendidas, apostando na queda dos papéis.

Os papéis da empresa de gestão de resíduos lideram o campo negativo fora do Ibovespa e chegaram a entrar em leilão na B3, com forte desvalorização de 34,21% por volta das 16h, a R$ 71,90. 

Alvo de forte especulação na bolsa, a Ambipar acumula uma valorização vertiginosa de 718,9% em um intervalo de apenas dois meses — isto é, quando o ciclo de alta começou a dar os primeiros sinais — mesmo com a queda de hoje. 

Os ganhos intensos elevaram o valor de mercado da companhia para algo próximo de R$ 17 bilhões na B3 e “esmagaram” os investidores que apostavam na baixa das ações.

De todo modo, é difícil dizer que a disputa terminou com vitória de qualquer um dos lados, já que ainda havia aproximadamente 6 milhões de ações da Ambipar tomadas em aluguel no começo desta semana, de acordo com informações de mercado.

Por trás das oscilações da Ambipar (AMBP3)

Como em termos de fundamentos nada mudou radicalmente na Ambipar (AMBP3) nos últimos meses, analistas e gestores avaliam que as oscilações atípicas das ações na bolsa devem-se a um movimento de short squeeze.

Afinal, a alta das ações AMBP3 se intensificou no início de junho, quando os investidores começaram a especular sobre os planos do sócio fundador e CEO da companhia, Tércio Borlenghi Junior, para a companhia.

Nos últimos meses, o controlador entrou em uma sequência de compras das ações diretamente na B3, elevando a participação na companhia para 72,68%. Além disso, a própria Ambipar foi a mercado com um programa robusto de recompra de papéis. 

Como se não bastasse, a Trustee DTVM — que supostamente tem o empresário Nelson Tanure como cotista de seus fundos — também entrou na ponta compradora e impulsionou ainda mais a cotação dos papéis na tela. 

Agora com uma fatia de 15% da empresa, a gestora quer indicar dois membros ao conselho de administração da empresa.

A escalada dos papéis fez com que os investidores que operavam vendidos e apostavam na queda das ações fossem forçados a cobrir as posições — o que consequentemente elevou ainda mais os preços. 

Ao mesmo tempo, a quantidade de ações disponíveis para aluguel — necessário para manter a posição vendida — diminuiu graças às compras do controlador e da Trustee, o que provocou uma explosão das taxas para percentuais para o patamar de três dígitos.

Os investidores especulam se a Trustee de fato atua de forma independente ou em conjunto com o controlador da Ambipar para forçar o short squeeze. Mas a gestora reforçou que não celebrou “contratos ou acordos que regulem o exercício de direito de voto ou a compra e venda de valores mobiliários emitidos pela companhia”.

Aparentemente não há fatos novos que justifiquem a forte queda de hoje. Na noite passada, a Ambipar (AMBP3) enviou uma série de documentos à CVM, a xerife do mercado de capitais brasileiro.

O primeiro deles foi uma mudança no estatuto social da companhia para permitir que o conselho possa cancelar ações mantidas em tesouraria.

A empresa ainda aprovou uma proposta para elevar o percentual máximo de papéis contemplados pela política de outorga de ações e uma nova versão do plano de remuneração baseado em ações.

Fonte: SeuDinheiro

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