Uma nova dupla está próxima de assumir cadeiras no conselho de administração da Ambipar (AMBP3).
A Trustee DTVM — que supostamente tem o empresário Nelson Tanure como cotista de seus fundos — indicou na noite da última quarta-feira (4) dois novos membros para o colegiado.
O primeiro deles é Pedro de Moraes Borba. Atualmente, ele já é membro do conselho de duas empresas ligadas a Tanure: a Alliança Saúde e Participações e a Light (LIGT3), em recuperação judicial.
Já o segundo é Arnaldo Hossepian Junior, atual presidente da Fundação Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e ex-procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo.
Vale lembrar que a Trustee já havia sinalizado o interesse de indicar novos conselheiros na Ambipar quando atingiu participação de 15,03% na empresa.
Em carta enviada à Ambipar, a gestora pediu a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) para votar as indicações.
“Entendemos que a indicação de dois novos membros para o conselho de administração está plenamente alinhada aos interesses de todos os acionistas e ao compromisso da companhia em manter-se à frente das melhores práticas de mercado”, afirmou a Trustee.
A Ambipar afirmou em comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que vai chamar os acionistas em AGE “dentro do prazo legal”.
Quem são os dois indicados da Trustee para o conselho da Ambipar (AMBP3)
A dupla de executivos que pode estrear no conselho de administração da Ambipar (AMBP3) após a AGE possui anos de experiência no mercado.
No caso de Pedro de Moraes Borba, além das posições como conselheiro da Light e da Alliança, atualmente, o executivo ocupa o cargo de diretor executivo da Docas Investimentos.
Pós-graduado em Direito Empresarial, Moraes Borba já atuou como diretor presidente (CEO) e de relações com investidores (DRI) de empresas como a Dommo Energia (DMMO3) — antiga OGX de Eike Batista —, OSX Brasil, MMX Mineração e Metálicos e CCX Carvão da Colombia.
Já Arnaldo Hossepian Junior, atualmente professor da Fundação Armando Álvares Penteado, é procurador de Justiça aposentado do Ministério Público do Estado de São Paulo. Ele também atuou como secretário de Estado Adjunto da Segurança Pública e membro do Conselho Nacional de Justiça.
Segundo a Trustee, a entrada da dupla no conselho da Ambipar “contribuirá para a diversificação das competências estratégicas e para o fortalecimento da capacidade deliberativa do colegiado” e ainda seria fundamental para assegurar que a empresa “continue a aproveitar as oportunidades de mercado de maneira eficaz”.
A novela da Ambipar na bolsa
Recentemente, a Ambipar se tornou alvo de uma disputa de forças entre investidores comprados e vendidos nas ações AMBP3. Alvo de forte especulação na bolsa, os papéis chegaram a acumular valorização de 1.000% em dois meses no ápice da briga.
Hoje, no entanto, a oscilação vertiginosa parece ter chegado ao fim. Após forte correção, os ganhos no acumulado do ano chegam a pouco mais de 307%.
Como em termos de fundamentos nada havia mudado radicalmente na Ambipar nos últimos meses, analistas e gestores atribuíram as oscilações atípicas das ações na bolsa a um movimento de short squeeze.
Nos últimos meses, o sócio fundador e CEO, Tércio Borlenghi Junior, entrou em uma sequência de compras das ações diretamente na B3, elevando a participação na companhia para 72,68%. Além disso, a própria Ambipar foi a mercado com um programa robusto de recompra de papéis.
Como se não bastasse, a Trustee DTVM também entrou na ponta compradora e impulsionou ainda mais a cotação dos papéis na tela.
A escalada dos papéis fez com que os investidores que operavam vendidos e apostavam na queda das ações fossem forçados a cobrir as posições — o que consequentemente elevou ainda mais os preços.
Ao mesmo tempo, a quantidade de ações disponíveis para aluguel — necessário para manter a posição vendida — diminuiu graças às compras do controlador e da Trustee, o que provocou uma explosão das taxas para percentuais para o patamar de três dígitos.
Fonte: SeuDinheiro