A perspectiva de que a economia brasileira permanecerá com os juros elevados por mais tempo criou um cenário bastante complicado para as empresas locais. Especialmente o Nubank (ROXO34) vive um momento em que a inadimplência pode pesar nos seus resultados futuros, na visão de parte do mercado.
Recapitulando um pouco do histórico, no balanço do segundo trimestre deste ano, a inadimplência acima de 90 dias dos clientes do Nubank foi de 7%, o que ligou uma luz amarela para analistas e investidores.
Além disso, um relatório recente do Santander (SANB11) apontou que a expansão dos gastos das famílias brasileiras com as apostas esportivas online, as chamadas bets, pode potencializar os riscos de aumento da inadimplência do Nubank.
Mas, para Livia Chanes, CEO do Nubank Brasil, não há motivos para tal preocupação. Ela defendeu que os modelos de estresse do banco digital — que, segundo a executiva, levam também em conta o crescimento das bets — não inspiram uma cautela maior.
“O aumento da inadimplência está de acordo com esperado, então a gente não tem nenhuma preocupação nesse momento com a qualidade do crédito”, comentou a CEO do banco. “A gente tá bastante seguro com as nossas tomadas de decisão e nossos modelos de crédito tem se provado bastante resilientes e de sucesso nos últimos 11 anos.”
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Mudanças nos juros não preocupam, diz CEO do Nubank
Perguntada sobre a perspectiva de que os juros brasileiros continuem elevados ou mesmo subam em um futuro próximo, a CEO do Nubank explicou que a instituição trabalha com modelos de machine learning — aplicação de inteligência artificial (IA) que foca no desenvolvimento de algoritmos que permitem aos sistemas computacionais aprenderem a partir de dados.
Ela afirmou que qualquer mudança nas taxas de juros já são capturadas por esses modelos, o que tende a reduzir impactos significativos na operação do banco.
Dessa forma, ainda que o mercado esteja de olho na inadimplência do Nubank, a executiva mantém o tom otimista com a oferta de crédito, tanto para o varejo quanto para o segmento de pessoa jurídica.
“Independentemente dos impactos granulares, há muito espaço para a gente crescer de maneira sustentável, porque o nosso market share é muito baixo ainda”, disse Livia Chanes, ainda citando o aumento repentino de jogadores nas bets no Brasil.
Comportamento de cada geração com as finanças
Os comentários da presidente do Nubank no Brasil foram feitos durante o Summit de Impacto Financeiro, promovido pela instituição.
No evento, o banco digital divulgou os dados do estudo “A nova relação com o dinheiro”, realizado pelo Instituto Ipsos, a pedido do Nubank, com 1,8 mil participantes das gerações Z, Millennials, X e Baby Boomers, do Brasil, Colômbia e México.
No encontro, também estavam presentes Luis Gustavo Mansur Siqueira, chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central do Brasil, Aly Ahearn, diretora geral de conta para menores de idade, e Max Damian, diretor geral de PJ da instituição.
Enquanto no passado as pessoas recorriam aos meios presenciais para pagamentos de contas e consulta de saldos, hoje 66% dos brasileiros utilizam os aplicativos financeiros como principal meio para a realização desses serviços.
A pesquisa ainda mostrou que 38% dos brasileiros não pisaram em uma agência nos últimos seis meses.
Nubank, Geração Z — e a Alfa
Quando analisadas as diferentes gerações no Brasil, o contraste em relação ao uso de alguns produtos e serviços é gritante. Entre a geração Z (nascidos a partir de 1995), 14% nunca fizeram saque no caixa eletrônico e um em cada quatro também não fez depósito nessa plataforma. Além disso, 7% nem sequer pisaram em uma agência em suas vidas.
Aly Ahearn, diretora geral de conta para menores de idade, apresentou outro dado curioso sobre uma categoria que não faz parte da pesquisa, mas que começa a ter presença financeira no mundo digital: a geração alfa — aqueles nascidos a partir de 2010.
De acordo com dados apresentados durante a apresentação, os gastos mais comuns desse segmento no Nubank são em mercados, supermercados, fast food e lojas de alimentação diversas.
No entanto, 27% dos clientes com menos de 18 anos guardam dinheiro, em especial nas chamadas “Caixinhas” do Nubank, que permitem personalizar os nomes.
Reserva de emergência, sonho de consumo, viagem e planos de carreira estão entre os nomes mais utilizados para essas caixinhas.
Vale destacar, contudo, que é possível personalizar o nome das caixinhas do Nubank. E a diretora do segmento para menores de idade mostrou que havia um número significativo delas com o nome “.” (apenas um ponto, um comportamento comum entre a Gen Z de “não nomear” algo) e “SLA “(gíria para sei lá).
Fonte: SeuDinheiro