Quase uma semana depois do vendaval que deixou São Paulo no escuro, cerca de 30 mil pessoas ainda seguem sem energia elétrica na cidade. Aqueles que já conseguiram a normalização dos serviços, contabilizam as perdas — muitos se organizando para pedir indenizações à Enel.
E, para isso, são vários os caminhos possíveis, do Procon-SP até a justiça. A própria companhia diz que os consumidores podem abrir uma solicitação pela internet ou por telefone, apresentando documentos que comprovem danos elétricos a equipamentos, até cinco anos depois do evento.
Nesta sexta-feira (18), o presidente da concessionária de energia elétrica, Guilherme Lencastre, sinalizou o ritmo das indenizações aos moradores da cidade de São Paulo e da região metropolitana.
Falando à GloboNews mais cedo, Lencastre disse que a situação será tratada “caso a caso”.
“Nós também estamos acelerando o processo de indenização com relação aos danos elétricos. A gente vai analisar caso a caso, depois, em relação a outras situações”, afirmou.
Ele reforçou que os clientes façam a solicitação por meio dos canais de comunicação da Enel.
“Façam o requerimento, e aí a gente vai tratar caso a caso. A gente precisa identificar o cliente, saber o que aconteceu e fazer a análise”, acrescentou.
Lencastre não deu prazo para essa indenização ser realizada.
Governo concede linha de crédito para São Paulo
Independentemente da indenização da Enel, o governo federal oferecerá uma linha de crédito para os moradores de São Paulo afetados pelo apagão no estado.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o crédito será voltado apenas para comerciantes e empresários prejudicados e será operacionalizado dentro do Pronampe.
Esse crédito vai usar R$ 150 milhões dos recursos originalmente reservados no Fundo Garantidor de Operações (FGO) para atender a população do Rio Grande do Sul afetada pelas chuvas.
Na prática, de acordo com o ministro, a garantia de R$ 150 milhões deve abrir espaço para R$ 1 bilhão em crédito para os comerciantes e empresários da capital paulista.
Haddad disse ainda que Lula deve assinar essa liberação de recursos até o fim de semana, antes de embarcar para a Cúpula do Brics+ em Kazan, na Rússia.
“Vamos fazer para a cidade de São Paulo o mesmo que nós fizemos para o Rio Grande do Sul. As pessoas que tiveram prejuízo por conta do apagão, que perderam geladeira, perderam inclusive a comida, o pequeno comerciante que perdeu alguma coisa”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eu não quero saber de quem é a culpa. Eu quero saber quem é que vai dar a solução”, acrescentou.
Os danos residenciais, segundo Haddad, deverão ser ressarcidos pela própria Enel.
Vem mais chuva por aí
Se a previsão do tempo não errar, São Paulo ainda deve encarar vendavais nos próximos dias. A Defesa Civil Estadual prevê ventos de até 60 km/h entre hoje (18) e domingo (20).
“A gente está vivendo uma situação de normalidade agora, mas a gente também está muito preocupado com a chuva que vem pela frente. Essas são as principais prioridades nesse momento. Quando a gente sair dessa prioridade, a próxima vai ser em relação a esse assunto [de indenização]”, afirmou ele.
A Enel afirma que manterá o efetivo de profissionais reforçado como medida de prevenção para a nova tempestade.
“O que aconteceu, de fato, foi um evento de natureza extrema e não quero usar isso para isentar a gente de responsabilidade. Nós, como os clientes, estamos dando a maior prioridade àqueles que ainda estão sem energia, que a gente identifica por algum motivo que teve reincidência ou que ficaram mais tempo sem energia”, disse Lencastre.
No dia anterior, a Enel disse que o serviço não havia sido restabelecido para 36 mil clientes. Não há atualização desse balanço até o momento da publicação deste texto.
*Com informações do G1
Fonte: SeuDinheiro