Agora é oficial: Auren (AURE3) e a AES Brasil (AESB3) definiram a combinação de negócios que forma a terceira maior empresa de geração de energia do país nesta quinta-feira (31).

Nos cinco últimos dias, as ações AESB3 despencaram mais de 30% em ajuste a uma das opções que a Auren propôs para fazer a incorporação (leia mais abaixo). 

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Como todas as condições estipuladas em contrato foram alcançadas, a operação foi fechada nesta manhã. Com isso, hoje será o último dia de negociação das ações AESB3 na bolsa brasileira.

A conclusão da transação oficialmente dá vida a uma das maiores empresas do setor de energia elétrica do Brasil, com uma receita de R$ 9,6 bilhões e R$ 30 bilhões em valor da firma.

O negócio deixa a Auren atrás apenas da Eletrobras (ELET3) e da Engie —, com 8,8 GW de capacidade instalada 100% renovável.

Um baque no caixa da Auren (AURE3)

Mas o resultado da combinação de negócios deixou claro uma coisa: a maioria esmagadora de investidores da AES não quer se tornar sócia da nova empresa combinada sob o guarda-chuva da Auren (AURE3) — pelo menos, não nas condições atuais.

Já que a AES se tornará uma subsidiária integral da Auren, os donos dos papéis AESB3 precisaram escolher o que pretendiam fazer com a fatia que detêm hoje na companhia. No total, eram três opções de troca de ações a receber ao fim da operação:

  • Opção 1: Cerca de R$ 1,18 e 0,67498865568 novas ações Auren (90% em ações e 10% em dinheiro);
  • Opção 2: Cerca de R$ 5,92 e 0,37499369760 novas ações Auren (50% em ações e 50% em dinheiro); ou 
  • Opção 3: Receber 100% em dinheiro, a aproximadamente R$ 11,84.

No total, em torno de 87,6% dos acionistas da AES Brasil (AESB3) escolheram a Opção 3, enquanto 12,3% dos investidores optaram pela Opção 1 — quem não escolheu a forma de recebimento até a última terça-feira também será convertido nesta opção.

O resultado não foi de todo surpreendente. Afinal, ao optar pelo resgate total em dinheiro, os investidores embolsarão uma grana na conversão. 

Como o acionista teve a opção de vender os papéis para a Auren a R$ 11,84 (opção 3), o valor que ele receberá é 44,4% maior em relação à cotação das ações no fim do pregão da última quarta-feira (30), de R$ 8,20.

O desfecho da transação representa um forte baque para o caixa da Auren. Afinal, cerca de 88,9% da transação deverá ser liquidada em dinheiro, em um desembolso de cerca de R$ 6,35 bilhões em caixa para pagar esses investidores.

Isso deve elevar a alavancagem combinada das empresas para 5,5 vezes a relação dívida líquida sobre o Ebitda, segundo as contas do JP Morgan — um dos maiores patamares da cobertura do banco no setor.

Com a operação, a Auren ainda deverá emitir em torno de 50,37 milhões de novas ações AURE3 para creditar aos acionistas da AES Brasil.

“Gostamos da Auren e recomendamos a compra. A única razão pela qual não focamos nela como uma Top Pick é por causa de sua alavancagem pós-fusão, o que levará a empresa a se concentrar em absorver a aquisição alavancada”, disse o BTG Pactual. 

No entanto, ao considerar uma perspectiva de longo prazo, os analistas afirmam que “definitivamente a empresa tomou a decisão certa ao adquirir a AES”.

Os próximos passos da fusão entre Auren (AURE3) e a AES Brasil (AESB3)

Para os investidores da AES Brasil (AESB3) que optaram por receber parte do pagamento em ações da Auren — seja na Opção 1 ou 2 —, o crédito dos novos papéis deve acontecer a partir da próxima terça-feira (5).

Já o depósito em dinheiro, em todas as opções de troca da fusão, está previsto para ser feito no dia 8 de novembro.

Data Evento
31/10/2024 Último dia de negociação das ações AESB3 na B3Data de fechamento da fusão
01/11/2024 Início da negociação das Novas Ações Auren na B3
05/11/2024 Crédito das Novas Ações Auren aos atuais acionistas da AES Brasil que optarem pela Opção 1 ou pela Opção 2
08/11/2024 Pagamento em dinheiro 
Fonte: RI das empresas.

Vale lembrar que as datas ainda podem sofrer alterações.

De olho nos balanços

Em meio a fortes secas e a condições climáticas cada vez mais adversas no país, a AES Brasil (AESB3) divulgou mais um balanço aquém das expectativas. 

A companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 73,6 milhões no terceiro trimestre, revertendo os ganhos de R$ 124,4 milhões vistos no mesmo período do ano passado.

O faturamento manteve o ritmo de crescimento, com a receita líquida chegando a R$ 1,1 bilhão entre julho e setembro, avanço de 21,3% no comparativo anual.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, indicador usado pelo mercado para mensurar a capacidade de geração de caixa de uma empresa, também encolheu 10,5% na mesma base de comparação, a R$ 377,8 milhões.

Enquanto isso, a geração total de energia também caiu 12,3% em base anual, para 3,77 mil gigawatts-hora no terceiro trimestre de 2024. O resultado continuou a ser pressionado pelo desempenho fraco dos ativos de geração hidrelétrica, que despencou 31,8%, e eólica, que caiu 11,1%.

Segundo os analistas do JP Morgan, com a produção hidrelétrica em queda devido às condições de seca e aumento dos preços à vista (spot), a empresa precisou aumentar as compras de energia para enfrentar a redução em parques eólicos e o negócio de negociação gerou perdas. 

Com isso, o custo da AES Brasil com energia, que considera encargos setoriais e de transmissão, também piorou 67,3% na relação com igual intervalo de 2023, somando gastos da ordem de R$ 537 milhões.

Já o resultado trimestral da Auren (AURE3) foi menos decepcionante, segundo o BTG Pactual. 

Veja os destaques:

  • Lucro líquido: R$ 270,8 milhões no 3T24, revertendo as perdas de R$ 838,1 milhões do 3T23;
  • Receita líquida: R$ 2,04 bilhões (+25,8% a/a);
  • Ebitda ajustado: R$ 484,3 milhões no 3T24 (+6,9% a/a);

Para o BTG, o terceiro trimestre foi sólido para a Auren na frente de vendas de energia, preenchendo as lacunas até 2028 e empurrando o risco não contratado para frente. 

Outro ponto positivo do balanço é que a Auren conseguiu interromper a queima de caixa no terceiro trimestre, com um fluxo de caixa livre positivo em R$ 283,8 milhões.

No entanto, o endividamento líquido quase dobrou em igual período, para R$ 2,89 bilhões, um avanço de 156,2% frente ao terceiro trimestre do ano passado. 

Com isso, a alavancagem financeira da companhia subiu para 1,6 vez a relação entre a dívida líquida e o Ebitda dos últimos 12 meses.

Fonte: SeuDinheiro

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