Os dias não têm sido fáceis para a Braskem (BRKM5) — e esta quinta-feira (9) parece ser mais um “daqueles”. As ações da petroquímica recuavam cerca de 14% nas primeiras horas da tarde de hoje, após mais um balanço negativo. Por volta das 15h, os papéis da empresa caíam 1,98%, sendo negociadas a R$ 19,32.
O que chamou a atenção não foi apenas o prejuízo de R$ 1,345 bilhão no primeiro trimestre de 2024. O resultado não foi nem mesmo compensado pelo o aumento do spread da Braskem — isto é, a diferença no custo da matéria prima e no nível de produção —, que resultou em um Ebitda (medida utilizada pelo mercado para avaliar a geração de caixa de uma empresa) bilionário. Mais detalhes sobre o balanço estão no final da matéria.
Acontece que, na última segunda-feira (6), o mercado foi comunicado que a venda da participação da Novonor (antiga Odebrecht) na companhia havia praticamente voltado à estaca zero após a Adnoc, petrolífera estatal dos Emirados Árabes Unidos, desistir de avaliar o negócio.
O mercado penalizou as ações BRKM5 desde então, com uma queda acumulada de 9,5%. Sobre o tema, Pedro Freitas, diretor financeiro e de relações com os investidores, se esquivou de uma pergunta feita por um analista na chamada de resultados que ocorreu nesta quinta-feira (9).
“O que a lei fala é que se alguma decisão ou evolução se mantiver dentro de um sigilo contratual e não houver um vazamento na imprensa, não há obrigação de divulgação”, disse Freitas.
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Acionistas majoritários da Braskem (BRKM5)
Recapitulando, a Novonor detém 50,1% do capital votante da empresa, enquanto a Petrobras (PETR4) figura como a segunda maior fatia, de 47%. Outros acionistas possuem 2,9% do restante.
“A gente foi informado domingo sobre a decisão da Adnoc, recebemos uma correspondência da Novonor e imediatamente replicamos aí para o mercado”, comenta Freitas.
Mesmo assim, segundo ele, o acionista majoritário da empresa ainda está engajado no processo de venda da participação.
Assim, o executivo afirma que a empresa segue no processo de due diligence — isto é, fazendo uma devassa nos números da companhia para uma potencial aquisição.
Além da antiga Odebrecht, a Petrobras também está de olho na venda da sua fatia de participação. Ao menos é o que afirmou Jean Paul Prates, presidente da estatal, em uma conversa com os mesmos investidores árabes em fevereiro deste ano.
Segundo Prates, a Adnoc buscou o executivo para tentar entender como seria um cenário em que ambas as companhias atuassem como sócias na Braskem.
E a cidade afundada pela Braskem?
Um dos principais assuntos quando se fala em Braskem são os desdobramentos do afundamento de três bairros de Maceió (AL). A exploração de minério pela empresa na capital aconteceu de 1976 a 2019 e resultou em uma grave instabilidade no solo da região.
Segundo o mais recente balanço da empresa, a desocupação da área de risco está concluída. O chamado Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação já conseguiu espaço para os moradores de 99,7% dos imóveis.
Além disso, ao final de 2023, o saldo líquido das provisões era de aproximadamente R$ 5,2 bilhões, sendo que no final de março/24 passou a R$ 4,9 bilhões. O montante total de provisões com o evento está estimado em R$ 15,5 bilhões.
Paralisação das atividades no Rio Grande do Sul
Por fim, o próprio CEO da Braskem, Roberto Bischoff, falou rapidamente na call de resultados sobre os problemas enfrentados no sul do Brasil.
“Nós concluímos a interrupção da operação de forma segura de todas as plantas. Isso representa cerca de 30% da nossa capacidade de produção”, diz Bischoff.
“Uma parte pode ser realocada em outras localidades que hoje operam em capacidade mais baixa, mas outras não têm substituto imediato”.
Sobre a retomada das atividades, tanto o presidente quanto o diretor financeiro concordam que o problema principal foi fazer o desligamento do maquinário de maneira segura. A volta da operação só deve acontecer após uma análise da logística mais aprofundada.
Principais destaques do balanço:
- Lucro / prejuízo: O prejuízo líquido da Braskem no 1T24 foi de R$ 1,345 bilhão, revertendo o lucro de R$ 184 milhões do 1T23 e registrando queda de 15% em relação ao 4T23, quando a empresa teve prejuízo de US$ 1,575 bilhão.
- Ebitda: O Ebitda Recorrente da empresa no 1T24 foi de R$ 1,140 bilhão, um aumento de 7% em relação ao 1T23, quando a empresa registrou R$ 1,049 bilhão.
- Receita: A Receita Líquida de Vendas da Braskem no 1T24 foi de R$ 17,920 bilhões, uma queda de 8% em relação ao 1T23, quando a empresa registrou R$ 16,691 bilhões.
Fonte: SeuDinheiro