Mesmo com relativa folga no balanço, a ponto de avaliar a distribuição de dividendos extraordinários, o Itaú Unibanco (ITUB4) decidiu reforçar ainda mais o capital com uma emissão bilionária de papéis de dívida.
O banco anunciou na noite da última quinta-feira (23) a emissão de R$ 3,1 bilhões em letras financeiras subordinadas Nível 2 em negociações privadas com investidores profissionais.
Os títulos de dívida têm vencimento de longo prazo, previsto para 2034, com opção de recompra a partir de 2029 sujeita à autorização do Banco Central.
Segundo comunicado enviado à CVM, a emissão vai contribuir para o reforço do capital nível 2 — formado por instrumentos de dívida — do patrimônio de referência (PR) da empresa, com impacto estimado de 0,24 ponto percentual (p.p) no índice de capitalização.
No fim do segundo trimestre, o patrimônio de referência do Itaú chegou a R$ 215 bilhões, dos quais R$ 24,4 bilhões eram referentes ao Nível 2, composto por instrumentos de dívida com prazo mínimo de 5 anos.
A emissão de letras financeiras acontece em meio às expectativas dos investidores sobre a distribuição de dividendos extraordinários do Itaú Unibanco (ITUB4) em 2024.
Isso porque o CEO Milton Maluhy Filho já havia confirmado que usaria o excesso de capital para agraciar os acionistas com proventos adicionais até o final deste ano — e a emissão de letras financeiras reforça a tese de segurança financeira do capital da companhia.
Segundo Maluhy Filho, a política do banco é “trabalhar com capital adequado”, sem meta de dividendo, mas com distribuição quando houver sobra de capital.
O Itaú encerrou o segundo trimestre com um índice de capital nível 1 de 14,6%. Esse indicador é superior aos 11,5% que o banco definiu como mínimo para operar e ainda acima do mínimo exigido pelo Banco Central, de 11%.
De acordo com o banco, um dos motivos para manter os níveis acima do necessário é garantir “a solidez do Itaú e a disponibilidade de capital para suportar o crescimento dos negócios”.
Vale destacar que o BC requer que os bancos tenham um valor mínimo de capital que precisam manter no balanço em relação a seus ativos para lidar com o risco operacional — a possibilidade de perdas com eventos externos ou de problemas com processos internos, pessoas ou sistemas.
Essas normas fazem parte do acordo internacional de Basileia 3, que seguiu a crise financeira de 2008 e que se destina a evitar futuras falências bancárias.
Fonte: SeuDinheiro