O balanço do terceiro trimestre da Moura Dubeux (MDNE3) publicado pela companhia há pouco, veio acompanhado de um anúncio muito aguardado pelos acionistas: vem aí o primeiro pagamento de dividendos da história da companhia.

Cumprindo a promessa feita aos investidores de distribuir proventos ainda em 2024, a incorporadora comunicou que depositará R$ 55 milhões, ou R$ 0,65 por ação, em 22 de novembro.

Terá direito ao pagamento quem estiver na base acionária da companhia na próxima terça-feira (7). Mas quem perder a data pode ficar tranquilo, pois, segundo o CEO da Moura Dubeux, Diego Villar, agora que os proventos começaram a pingar os planos é distribuí-los com frequência.

“Nosso trabalho, empenho e meta é pagar em todos os semestres daqui pra frente e não parar mais”, diz Villar em entrevista ao Seu Dinheiro.

Destaques do balanço

Além dos dividendos, outro destaque da Moura Dubeux nesta quinta-feira (7) é o desempenho financeiro do terceiro trimestre. A companhia, que é líder de mercado na região Nordeste, registrou lucro líquido de R$ 89 milhões no período, alta de 92,6% em relação ao 3T23.

Já a receita líquida subiu 66,2% na mesma base de comparação, para R$ 501,7 milhões, enquanto a margem líquida avançou 2,2 pontos percentuais e chegou a R$ 17,7%.

Vale relembrar ainda que o front operacional também foi muito positivoe levou a companhia a entrar para o clube do bilhão das incorporadoras: as vendas líquidas cravaram os inéditos dez dígitos no terceiro trimestre, um salto de 104,4% na base anual.

A companhia também ficou na casa dos bilhões no quesito lançamentos, que mais que triplicaram ante o terceiro trimestre do ano passado. De julho a setembro, os quatro novos projetos registraram um Valor Geral de Vendas (VGV) líquido de cerca de R$ 1,1 bilhão.

Com esses patamares, a companhia já registra o melhor ano de sua história em 2024, um feito que o CEO atribui ao trabalho que vem sendo realizado desde o IPO, em 2020. 

“Implantamos projetos que tiveram uma excelente performance de vendas, lançamentos com parâmetros altos de rentabilidade e um trabalho duro de execução das obras. Isso garantiu boa margem para os empreendimentos, pouca despesa financeira, boa velocidade de vendas e baixíssimo nível de distratos”, afirma Villar.

A alta da Selic vai atrapalhar a Moura Dubeux (MDNE3)? Oque esperar para o futuro

A combinação citada pelo executivo deve continuar garantindo uma boa performance para a companhia no próximo ano.

Além disso, Villar destaca que o pipeline conta com grandes projetos em Fortaleza, Salvador e Recife que devem ter um desempenho igual ou superior ao do Infinity Salvador, o grande responsável por impulsionar os números de vendas e lançamentos do terceiro trimestre.

“A soma desses três projetos vai levar, sem a menor dúvida, o ano de 2025 a superar o de 2024”, diz o CEO.

A previsão ocorre a despeito da projeção de novas altas da taxa básica de juros, a Selic, no próximo ano, o que deve encarecer os financiamentos e desestimular o consumo. Para Villar, o modelo de negócios adotado pela companhia e o público-alvo, focado na média e alta renda, deve ajudar a companhia a driblar as taxas maiores.

“Outro quesito importante é que estamos neste momento de taxa de juros em elevação com bases macroeconômicas muito melhores do que as de quando a Selic subiu bastante no final do governo Bolsonaro”, acrescenta o executivo, citando o baixo desemprego e o crescimento “sustentável” do PIB.

Como a inflação pode ser benéfica para as margens

A inflação da construção civil, outro fantasma que pode voltar a assombrar o setor em 2025 de acordo com analistas, também está no radar da companhia, especialmente no quesito mão de obra.

Mas a Moura Dubeux aposta na verticalização das operações para driblar essa possível pedra no sapato.

“A empresa é muito verticalizada. Somos muito menores do que a Cyrela, por exemplo, mas temos muito mais colaboradores, são cerca de 6.250 funcionários diretamente contratados. Com isso, conseguimos blindar mais a companhia.”

O CEO argumenta ainda que, mesmo que o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) chegue a casa dos 6% — o indicador atualmente acumula alta de 5,7% em 12 meses — esse ainda é um patamar saudável, passível de repasse no preço dos imóveis e que pode gerar até mesmo um ganho de margem.

“Mas claro que inflação nunca é boa se for permanente. Se houver um descontrole, não temos o menor problema em adotar uma postura cautelosa.”

Fonte: SeuDinheiro

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