A Petrobras (PETR4) divulga nesta quinta-feira (7), após o fechamento do mercado, o resultado financeiro do terceiro trimestre e, mais uma vez, a atenção se volta para o anúncio dos dividendos da estatal: serão eles extraordinários ou apenas ordinários?

Se as previsões da Bloomberg estiverem corretas, a Petrobras deve apresentar a seguinte performance no terceiro trimestre de 2024: 

Câmbio Lucro líquido Receita Ebitda
Em reais 27,729 (+4,15%) 127,409 bilhões (+2,1%) 64,174 bilhões (-3,0%)
Em dólares  4,806 bilhões (-13,9%) 22,1 bilhões (-13,6%) 11,123 bilhões (18%)
Fonte: Bloomberg

O interesse dos investidores para além do lucro trimestral da estatal é claro: os dividendos são uma das formas de receber parte do lucro líquido da empresa da qual são acionistas e, no caso da Petrobras, essa parte é de bilhões de reais

Além dos proventos regulares — os chamados dividendos ordinários — que as empresas são obrigadas a pagar, algumas vezes os acionistas recebem uma quantia a mais: os dividendos extraordinários, que implicam na distribuição de proventos acima do valor mínimo obrigatório estabelecido no estatuto social da companhia.

Essa distribuição adicional acontece quando a empresa vende ativos, participações ou recebe indenizações que possam gerar ganhos substancialmente acima dos níveis de lucro recorrentes.

No caso da Petrobras, esse pagamento adicional ficou mais nebuloso desde que a estatal decidiu reter uma parte dos dividendos extras que seriam pagos junto com o resultado do quarto trimestre de 2023.

A empresa vem liberando esse valor em parcelas, mas cerca de R$ 22 bilhões ainda estão retidos.

A grande questão é saber se a estatal vai anunciar essa quantia nesta semana; na data da divulgação do plano estratégico, no fim deste mês; ou apenas junto com o resultado do quarto trimestre de 2024, que sai apenas em 2025.

Petrobras (PETR4): quanto vem de dividendos e resultados hoje

Os bancos e corretoras são unânimes na previsão de que a Petrobras deve anunciar dividendos ordinários junto com os resultados do terceiro trimestre de 2024 — mas foram um pouco mais cautelosos em relação à distribuição extraordinária de proventos. 

Vale lembrar que, em julho do ano passado, a Petrobras alterou a política de dividendos. Com a mudança, em caso de dívida bruta igual ou inferior ao nível máximo definido no plano estratégico e de resultado positivo acumulado no trimestre, a companhia deverá distribuir aos acionistas 45% do fluxo de caixa livre. Antes, eram 60%.

O Seu Dinheiro contou em detalhes a nova política de dividendos na época da alteração e você conferir os detalhes aqui. 

Na distribuição de hoje, as estimativas para os dividendos regulares variaram de US$ 2,1 bilhões (R$ 12,1 bilhões) a US$ 2,6 bilhões (R$ 15 bilhões)

O Itaú BBA ficou no meio do caminho das projeções. Segundo o banco, a estatal deve apresentar um desempenho moderado hoje, principalmente devido aos preços mais fracos do petróleo. 

A estimativa do BBA é de um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 11,6 bilhões e gastos de capex (investimentos) de US$ 3,4 bilhões para o trimestre — o que levará a um dividendo ordinário de US$ 2,5 bilhões (rendimento de 3%).

Para um potencial anúncio de dividendo extraordinário, o BBA leva em conta uma avaliação com o limite atual da dívida bruta e o nível de caixa ideal, com cenário de US$ 2,6 bilhões (rendimento adicional de 3,1%), resultando em um possível rendimento total de dividendos de 6,1%.

Com base na política de dividendos da Petrobras, a XP espera dividendos ordinários de cerca de US$ 2,6 bilhões (yield trimestral de 2,8%). A corretora, no entanto, acredita que o yield de dividendos para o trimestre pode ser maior se a Petrobras anunciar dividendos extraordinários. 

“Embora a empresa não tenha obrigação de fazer tal distribuição, acreditamos que o estágio avançado de organização para o próximo plano de negócios permite que a Petrobras tenha maior visibilidade sobre as necessidades futuras de caixa”, diz a XP em relatório.

Nos cálculos da corretora, a distribuição adicional poderia chegar a até US$ 4 bilhões (yield adicional de 4,6%), embora a Petrobras possa optar por ser mais conservadora e reter mais dinheiro em caixa.

O Morgan Stanley acredita que os dividendos extraordinários serão anunciados com a atualização do plano de negócios da Petrobras, o que deve acontecer no final de novembro.

Com isso, o banco espera apenas o anúncio de dividendos ordinários de R$ 1,06 por ação (US$ 0,38 por ADR) junto com o balanço trimestral de hoje. 

O Santander estima o pagamento de US$ 2,4 bilhões em dividendos ordinários e também não inclui dividendos extraordinários na prévia trimestral. 

Analistas do banco, no entanto, afirmam que não se surpreenderiam caso a Petrobras anunciasse mais uma rodada de extraordinários, por acreditarem que a companhia possa distribuir até US$ 4,5 bilhões até o final do ano.

Nos cálculos do BTG Pactual, a Petrobras deve anunciar hoje um Ebitda recorrente de US$ 11,6 bilhões referente ao terceiro trimestre, fluxo de caixa livre em US$ 2,1 bilhões, e dividendos ordinários de US$ 2,1 bilhões, com rendimento de 2,5%. 

“Não descartamos a possibilidade de dividendos extraordinários em novembro, que, juntamente com o novo plano estratégico de cinco anos, poderiam ser os principais gatilhos para as ações — potencialmente ainda mais do que os resultados trimestrais”, diz o banco. 

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A cereja do bolo dos dividendos da Petrobras: a reserva de remuneração

No segundo trimestre, a Petrobras teve um prejuízo bilionário e mesmo assim anunciou o pagamento de R$ 13,6 bilhões em proventos. Desse valor, R$ 6,4 bilhões vieram da reserva de remuneração de capital de R$ 21,9 bilhões que a companhia criou com parte do lucro de 2023 que decidiu não distribuir aos acionistas.

Acontece que, a partir desse uso das reservas, o mercado começou a se questionar se a Petrobras poderia recorrer a elas para distribuir os dividendos extraordinários represados. 

Na época, a petroleira explicou que a decisão de distribuir proventos adicionais dependia de fluxos futuros e do planejamento estratégico e não da reserva de remuneração de capital.

O plano estratégico atual da Petrobras prevê investimentos de R$ 102 bilhões entre 2024 e 2028 — o que representou um aumento de 31% em relação ao previsto no plano quinquenal anterior. 

A estatal deve apresentar o próximo plano depois dos resultados do terceiro trimestre, previstos para hoje a noite. 

A própria companhia indicou que o plano estratégico 2025-2029 deve ser anunciado no dia 22 de novembro. Fontes ouvidas pela Reuters indicam que esse novo plano de aportes deve girar em torno de R$ 110 bilhões, um aumento de 8% sobre o atual. 

Mas o mercado especula também que a Petrobras pode ir na direção contrária no plano 2025-2029, com o aumento de dividendos extraordinários e redução dos investimentos — pontos que a estatal não confirmou até o momento.

Fonte: SeuDinheiro

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