Passada a temporada de balanços do terceiro trimestre, a conclusão que fica é de que a maioria das empresas de saúde apresentou resultados fracos, em linha ou abaixo das expectativas, diferentemente do desempenho positivo do segundo semestre. Essa é a visão dos analistas do BTG Pactual, em relatório divulgado nesta quinta-feira (21) sobre o setor. 

Segundo o BTG, apenas Rede D’Or (RDOR3), Odontoprev (ODPV3) e Blau Farmacêutica (BLAU3) se destacaram no “trimestre sem brilho”, com crescimento sólido no lucro por ação, redução de dívidas e números acima das expectativas do mercado. 

A Rede D’Or, por exemplo, encerrou o terceiro trimestre de 2024 com lucro líquido de R$ 1,215 bilhão, uma alta de 59,8% na comparação com igual intervalo de 2023. 

A companhia de planos de saúde Odontoprev registrou um lucro líquido de R$ 141,8 milhões, um crescimento 14,9% em relação ao mesmo período do ano passado. 

O lucro líquido da Blau Farmacêutica  foi de R$ 70,5 milhões no período, uma queda de 29% em relação ao resultado positivo de R$ 99,4 milhões reportado no mesmo período do ano passado. 

Por outro lado, a companhia teve um recorde de receita líquida no 3T24, com crescimento de 31% em relação ao terceiro trimestre de 2023, atingindo R$ 474 milhões. 

Planos e hospitais: crescimento moderado e problemas jurídicos

No relatório, o BTG destaca a melhora no índice de sinistralidade em todas as operadoras de saúde — indicador utilizado para representar a proporção dos custos assistenciais (como exames, consultas, internações) em relação à receita obtida com as mensalidades pagas pelos beneficiários. —, que caiu graças aos reajustes de preços e controle de custos. 

A adesão de novos clientes também foi positiva: a Hapvida (HAPV3) ganhou 8 mil beneficiários, enquanto a SulAmérica ganhou 18 mil e Bradesco Saúde liderou com 85 mil. 

Por outro lado, Hapvida enfrentou aumento em despesas judiciais e provisões. No segmento odontológico, o crescimento foi forte, com Odontoprev superando os concorrentes.

As taxas de ocupação nos hospitais tiveram variações: caíram para a Rede D’Or (-1,4 pontos percentuais) e para a Kora Saúde (KRSA3) (-1,7 pp), mas subiram para a Mater Dei (MATD3), com 3,2 pontos, e para a Dasa (DASA3), que registrou uma alta de 0,7 pp. 

“A receita dos hospitais cresceu pouco, em média 5%, com exceção da Rede D’Or, que registrou alta de 10%. Além disso, houve pequena melhora nas glosas [valores negados pelas operadoras de saúde] e o capital de giro das empresas ficou estável”, diz o BTG.

Embora ainda tenha registrado um crescimento de dois dígitos no 3T24, a receita do setor de oncologia e diagnósticos desacelerou, segundo o BTG. Entre as empresas de destaque, Rede D’Or e Dasa tiveram desempenho superior ao da Oncoclínicas (ONCO3)

“Os laboratórios registraram crescimento fraco. Destaque para os bons resultados operacionais da Blau, com melhorias consistentes nos lucros e no fluxo de caixa, enquanto a Hypera apresentou resultados fracos devido a ajustes operacionais”, afirmam os analistas.

Quais ações comprar no setor de saúde?

A ação da Rede D’Or é a principal recomendação de compra do BTG Pactual para o setor e favorita para a estratégia “buy and hold” (comprar e segurar, em inglês) — ato de comprar ativos para o longo prazo, mantendo-os por mais tempo na carteira. 

“Também vemos potencial em Hapvida (HAPV3), já que a recente queda de 17% no preço das ações reflete o impacto nos resultados”, afirma o relatório do banco.

“Já Fleury (FLRY3) se mantém como uma opção defensiva interessante, enquanto Blau, recentemente elevada à recomendação de compra, destaca-se como a melhor aposta entre as small caps, devido ao forte crescimento e tendência positiva de margens”, diz o BTG.

Fonte: SeuDinheiro

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