A energia pode até ser limpa, mas o dinheiro é sujo. É isso que a justiça dos Estados Unidos alega em um novo processo contra o magnata indiano Gautam Adani envolvendo contratos de energia solar. Dessa vez, as acusações são em relação a mais de US$ 250 milhões (R$ 1,4 bilhão) em suborno e um esquema de fraude massivo.

Adani é um dos homens mais ricos do mundo e não está sozinho nessa empreitada.

Outros réus de grande influência também foram acusados, incluindo ex-executivos da empresa indiana de energia limpa Azure Power (Ranjit Gupta and Rupesh Agarwal) e ex-funcionários de um grupo financeiro do Canadá (Cyril Cabanes, Saurabh Agarwal and Deepak Malhotra). 

Segundo a investigação, o Adani Group e outros envolvidos pagaram propina para funcionários do governo da Índia para garantir a compra de energia a preços acima do mercado. Os lucros estimados desses contratos ilegais ultrapassam os US$ 2 bilhões (R$ 11,6 bilhões).

Nesse contexto, um dos ex-membros do grupo canadense foi responsável por facilitar o pagamento das propinas.

Junto a dois outros executivos do conglomerado, Adani também está sendo indiciado por enganar investidores norte-americanos e internacionais sobre a conformidade da empresa com as práticas antissuborno e anticorrupção, enquanto levantavam mais de US$ 3 bilhões (R$ 17,4 bilhões) em capital para financiar os contratos de energia.

E ainda há mais “caroço nesse angu”.

De acordo com a SEC (órgão regulador do mercado de capitais dos EUA), a empresa indiana levantou mais de US$ 175 milhões (R$ 1 bilhão) de investidores norte-americanos, ao passo que a ação da Azure foi negociada na NYSE.

Se o crime foi cometido na Índia, por que os magnatas estão sendo indiciados nos Estados Unidos?

Embora as supostas atividades ilegais tenham acontecido na Índia, o processo criminal está se desenrolando em um tribunal federal do Brooklyn (em Nova York), já que também existem alegações de corrupção no mercado de capitais norte-americano.

Nenhum dos réus está sob custódia dos EUA. Todos os réus vivem na Índia, com exceção do ex-funcionário canadense Cyril Cabanes, que é residente da França e da Austrália, segundo os promotores.

Quase pedindo música no Fantástico…

Esta não é a primeira vez que Gautam Adani é acusado de corrupção

No começo de 2023, a Hindenburg Research revelou acusações de fraude contábil, lavagem de dinheiro e manipulação de mercado envolvendo o Adani Group.

Em um relatório de 100 páginas, a Hindenburg afirmou que sua investigação de dois anos encontrou “manipulação descarada de ações e fraude contábil”, além de uma “dívida substancial” do conglomerado.

A empresa ainda acusou executivos da família Adani de criar entidades de fachada offshore em paraísos fiscais, na intenção de gerar documentos de importações e exportações forjados para desviar dinheiro das empresas listadas.

Isso fez com que o bilionário perdesse milhões de dólares em patrimônio e perdesse o posto de homem mais rico da Ásia.

Como resposta, o Adani Group lançou um documento de mais de 400 páginas e acusou a empresa norte-americana de lançar “um ataque calculado” à Índia.

“Este não é apenas um ataque injustificado a qualquer empresa específica, mas um ataque calculado à Índia, à independência, integridade e qualidade das instituições indianas e à história de crescimento e ambição da Índia”, escreveu Adani.

Segundo o ranking em tempo real de bilionários da Forbes, o magnata perdeu mais de US$ 12 bilhões (R$ 69,7 bilhões) em patrimônio hoje e é a 25ª pessoa mais rica do mundo.

* Com informações da CNBC.

Fonte: SeuDinheiro

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