A menos de três semanas da eleição presidencial dos Estados Unidos, marcada para 5 de novembro, as pesquisas mostram uma disputa totalmente aberta entre os candidatos Kamala Harris e Donald Trump.

Nesse contexto, está mais difícil para o investidor posicionar o portfólio pensando em “surfar” o ciclo eleitoral, avalia o CIO da WHG, Andrew Reider. “O impacto não está tão claro.”

Segundo o gestor, a eleição é um de cinco fatores que têm impactado o mercado atualmente – e sequer é o mais importante. Além dela, o gestor destaca:

  • A atividade nos EUA. “É o mais importante. [Ainda existe dúvida] Se é um soft landing, um hard landing, e agora até começou a voltar a chance de ser um no landing, já que os dados estão vindo muito fortes”;
  • Resultado das empresas em meio a temporada de balanços do 3T24;
  • China. “Virou um tópico importantíssimo no último mês. Estava muito largada, e aí voltou para o noticiário com a questão dos estímulos”;
  • Geopolítica. “Podemos acordar e ver que tudo mudou.”

Na mesma linha, o CIO da Empiricus Gestão, João Piccioni, concorda que a eleição parece ter “ficado em segundo plano” em termos de efeitos no mercado.

“Me parece que temos uma corrida natural dependente da corrida monetária do Federal Reserve e de como a economia está andando”, disse no evento Eleições Americanas: O futuro em jogo, promovido pelo Market Makers em parceria com o Seu Dinheiro. 

Apesar disso, existem setores da economia que devem se sair melhores em uma eventual vitória de cada um dos candidatos – e aqueles que devem ir bem em qualquer um dos dois cenários.

Tecnologia: a aposta segura

Os dois gestores concordam que, entre os setores da bolsa, um deve continuar em ritmo forte independente do vencedor: o de tecnologia.

“Independente de quem ganhar, esse caminho parece dado. Estamos vendo a influência da tecnologia começando a permear a economia, as pessoas começando a sentir a presença da inteligência artificial no dia a dia e penetrando na forma das empresas fazerem negócios. Big techs vão continuar andando bem independente de quem ganhar”, avalia João Piccioni.

Na mesma linha, Reider destaca que as grandes empresas de tecnologia são mais focadas em resultados. “Na média, não faz muita diferença quem ganha, porque direita e esquerda nos Estados Unidos são pró-business.”

Piccioni também acredita que as empresas de infraestrutura devem ir bem nos dois cenários e que, se eleito, Trump deverá dar continuidade aos investimentos de Joe Biden no setor. 

No entanto, existem setores específicos que podem se beneficiar em cada um dos cenários. 

O setor de energia renovável, apesar de estar “indo mal por fundamento”, é “um play democrata”, destaca Reider.

O CIO da WHG também avalia que o varejo deve se sair melhor com Kamala Harris por conta da pretensão de Donald Trump de tarifar as importações. O republicano chegou a afirmar que colocaria uma tarifa média de 61% nos produtos chineses.

“[As empresas do setor] importam muito da China e sofreriam com as tarifas de importação”, afirmou.

Por outro lado, João Piccioni vê os bancos indo “muito bem” em um governo Trump, “principalmente os regionais”

Reider destaca o “excepcionalismo americano” proporcionado por Trump e sua política de redução de impostos, que deve favorecer as companhias cíclicas domésticas

“Vimos na última eleição que o Trump é um cara que aumenta a confiança dos pequenos empresários. As small caps foram super bem.”

Ao longo do painel, os gestores debateram sobre qual dos candidatos deve ser mais favorável ao Brasil e detalharam suas principais teses no mercado externo. Assista na íntegra no player abaixo:

Fonte: SeuDinheiro

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