Quem quis fugir da enxurrada de notícias sobre o pacote de corte de gastos do governo Lula e deu uma olhada para os gringos, se deparou com a notícia de que o custo dos empréstimos na França atingiram o mesmo nível que os da Grécia pela primeira vez na história.
O spread, que é a diferença dos yields (rendimentos), entre os títulos de dez anos do governo francês e o equivalente grego foi reduzido a zero nesta quinta-feira (28): 3,0010% contra 3,030%.
Isso significa que, para manter a dívida de uma das maiores economias da Europa, os investidores estão exigindo os mesmos juros elevados da dívida de uma economia muito menor, mais fraca e cheia de problemas como é a grega.
Acontece que a França não é a Grécia. A França tem uma economia mais ampla e sólida, mais atratividade, uma situação de emprego melhor e superioridade demográfica. Então o que explica o emparelhamento do custo da dívida de países tão díspares?
A agitação política na França é a resposta.
O que acontece na França hoje
O que aconteceu no mercado de dívida europeu hoje mostra a extensão das preocupações com a turbulência política na França.
Não só o Brasil que tenta fechar as contas. O governo liderado pelo primeiro-ministro Michel Barnier luta para obter apoio para o orçamento de 2025, que visa cortar gastos e aumentar impostos para conter o déficit fiscal.
Mas a aliança de esquerda Nova Frente Popular ameaça apresentar um voto de desconfiança do governo se Barnier tentar forçar a aprovação do orçamento, que prevê 60 bilhões de euros (US$ 63,3 bilhões) em tributos e contenção de despesas.
Para agravar a situação, o Reunião Nacional (RN), de extrema direita, ameaçou apoiar a esquerda no voto de desconfiança — um movimento que derrubaria o governo e mergulharia a França em mais incerteza política e econômica.
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Em defesa da França
Autoridades francesas tentaram defender a economia nesta quinta-feira (28), mas reconheceram que ver dívida francesa tão arriscada quanto a da Grécia é um evento preocupante.
O ministro da Economia, Antoine Armand, chegou a dizer mais cedo que a economia francesa não poderia ser comparada à da Grécia.
Mas, ao menos por agora, a situação não deve esfriar. Novas eleições não podem ser realizadas até junho do ano que vem — 12 meses depois das últimas eleições parlamentares.
Essas eleições mostram tanto a extrema esquerda quanto a extrema direita com um bom desempenho no primeiro e segundo turnos da votação, mas ambas não conseguiram obter a maioria das cadeiras no parlamento.
Por isso, após a eleição, o presidente da França, Emmanuel Macron, colocou o conservador Barnier no comando de um governo minoritário.
*Com informações da CNBC
Fonte: SeuDinheiro