No momento em que a questão fiscal é crucial para a definição da economia brasileira, foi a nova ministra das finanças britânica, Rachel Reeves, que abriu a caixa de pandora — ou a malinha vermelha — tributária com os maiores aumentos de impostos do Reino Unido em três décadas. 

O primeiro orçamento do recém-eleito governo do Partido Trabalhista foi apresentado nesta quarta-feira (30) e trouxe mais 40 bilhões de libras (R$ 300,7 bilhões) em impostos e projeções para o crescimento econômico maiores para este ano.

Assim que o discurso de Reeves terminou, a libra passou a subir em relação ao dólar. A moeda britânica chegou a máxima de US$ 1,30436. A bolsa de Londres, por sua vez, fechou o dia em baixa de 0,72%, aos 8.160,81 pontos. 

Já os custos de empréstimos do Reino Unido voltaram a subir à medida que a poeira baixava com o anúncio de Reeves sobre os impostos. 

O yield dos títulos do governo britânico (gilts) de 10 anos deu um salto de 7 pontos-base, para 4,382% — o nível mais alto desde que o Partido Trabalhista assumiu o poder no início de julho. 

Vale lembrar que há dois anos, a libra entrava em uma espiral de desvalorização desencadeada pelo mini-orçamento da então primeira-ministra Liz Truss. 

Na ocasião, a proposta incluía os maiores cortes de impostos do Reino Unido desde 1972 e acabou derrubando Truss, que tinha pouco mais de um mês no cargo. Ela foi substituída por Rishi Sunak, que saiu derrotado das eleições parlamentares em julho deste ano.

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A caixa de pandora dos impostos

“Qualquer chanceler responsável tomaria medidas. É por isso que hoje estou restaurando a estabilidade de nossas finanças públicas e reconstruindo nosso serviço público”, afirmou a ministra das Finanças britânica ao apresentar o orçamento. 

Reeves disse que aumentaria os impostos em 40 bilhões de libras (R$ 300,7 bilhões) por ano, grande parte paga por empresas e ricos, e culpou os conservadores por deixarem seu Partido Trabalhista com um “buraco negro” no orçamento.

A previsão é de que os novos aumentos de impostos levariam a arrecadação do governo a uma alta histórica de 38,2% até o final da década — acima da alta de 36,4% prevista agora e mais de cinco pontos a mais do período que antecedeu a pandemia.

O orçamento prevê ainda o aumento da taxa de contribuições previdenciárias pagas pelos empregadores em 1,2 ponto percentual, para 15% a partir de abril do ano que vem — medida que arrecada 25 bilhões de libras extras por ano em cinco anos.

Reeves anunciou outra série de outras medidas de arrecadação, incluindo mudanças no imposto sobre ganhos de capital e heranças e impostos pagos por executivos de private equity e residentes não domiciliados, bem como usuários de jatos particulares e escolas particulares.

A ministra britânica, no entanto, descartou fazer mais indivíduos pagarem taxas básicas e mais aumento de imposto de renda após o congelamento do limite para pagamentos expirar no ano fiscal de 2028/29.

Ela também estendeu o congelamento do imposto sobre combustíveis e cortou um imposto sobre cervejas de pressão servidas em pubs.

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As previsões para o Reino Unido

Enquanto Reeves apresentava o orçamento, o independente Office for Budget Responsibility divulgou previsões atualizadas do Reino Unido. 

De acordo com as estimativas, o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) britânico aumentará de quase zero no ano passado para 1,1% este ano, para 2% em 2025 e para 1,8% em 2026. 

As previsões anteriores indicavam crescimento de 0,8% em 2024, seguido por 1,9% em 2025 e 2% em 2026.

Fonte: SeuDinheiro

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