A decisão sobre os juros desta quarta-feira (1) nos EUA estava dada: 99% dos investidores apostam na manutenção da taxa na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano. O inesperado veio do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que não só indicou o próximo passo da política monetária norte-americana como deu os ingredientes do início do ciclo de afrouxamento monetário. 

Sem papas na língua, o chefão do BC dos EUA descartou a possibilidade de que a próxima medida do Fomc, como é conhecido o comitê de política monetária por lá, seja o aumento dos juros

“Acho improvável que a próxima mudança nos juros seja um aumento. Eu diria que é improvável”, disse Powell.

Questionado sobre o que seria necessário para conseguir um aumento dos juros, o chefão do BC norte-americano disse: “Penso que precisaríamos de ver provas convincentes de que a nossa orientação política não é suficientemente restritiva para esfriar a inflação de forma sustentável para 2% ao longo do tempo. Não é isso que pensamos que estamos vendo”.

Foi o suficiente para que Wall Street deixasse de andar de lado para embalar em ganhos vigorosos. Os principais índices de ações em Nova York passaram a operar todos no azul, com o Dow Jones avançando mais de 400 pontos. A bolsa brasileira está fechada devido ao feriado. 

  • Dow Jones: +1,28%, 38.300,70 pontos
  • S&P 500: +1,03%, 5.086,84 ponto
  • Nasdaq: +1,39%, 15.871,95 pontos
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A receita para os juros caírem nos EUA

Mais do que dizer que os juros não devem subir no próximo movimento do Fed, Powell deu a receita do que precisa acontecer para que a taxa comece a ser cortada pelo banco central norte-americano. 

“Um mercado de trabalho e uma taxa de inflação ainda não certamente não farão com que iniciemos o corte de juros. Esse é um cenário que não nos dá confiança alguma de que nossa meta de 2% para a inflação será atingida de maneira sustentável”, afirmou. 

O que é necessário então para os juros começarem a cair nos EUA? A receita e Powel tem apenas dois ingredientes: 

  • O Fed precisa ganhar confiança de que inflação está em uma trajetória sustentável na direção da meta de 2%;
  • Um enfraquecimento inesperado do mercado de trabalho norte-americano.

“Nossas decisões, no então, dependerão dos dados, de um conjunto geral de dados, e também avaliaremos os riscos econômicos de um corte de juros”, disse Powell, acrescentando que as decisões do Fed serão tomadas reunião por reunião e não serão baseadas apenas em um dado pontual. 

O presidente do Fed deixou claro que o banco central norte-americano não está satisfeito com a inflação em 3%. 

Em março, o índice de preços para gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) — a medida preferida do Fed para a inflação — subiu 0,3% ante fevereiro e 2,7% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. 

O núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, avançou 0,3% em base mensal, com isso, o núcleo em 12 meses chegou a 2,8% — o mesmo patamar observado em fevereiro.

BC DOS EUA NÃO DEVE BAIXAR JUROS tão cedo e quem SOFRE é a BOLSA BRASILEIRA

As apostas do mercado

Com as declarações de Powell sobre a improbabilidade de aumentar os juros na próxima reunião, marcada para 12 de junho, e com a receita para o início do ciclo de afrouxamento monetário dada, os investidores correram para ajustar as apostas sobre os juros nos EUA. 

A ferramenta FedWatch, do CME Group, passou a mostrar uma maior tendência de corte da taxa pelo Fed. O Seu Dinheiro comparou as probabilidades de corte antes da decisão de hoje e depois das declarações de Powell sobre o futuro da política monetária:

  Antes da decisão de hoje Depois das declarações de Powell
Junho 93,6% de chance de manutenção 82,5% de chance de manutenção
Julho 80% de chance de manutenção 66,2% de chance de manutenção
Setembro 56% de chance de manutenção 43,9% de chance de manutenção
Novembro 55,7% de chance de corte de juros 66,4% de chance de corte de juros
Dezembro 73,3% de chance de corte de juros 81,3% de chance de corte de juros
Fonte: CME Group

Fonte: SeuDinheiro

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