O economista turco Daron Acemoglu e seus colegas britânicos Simon Johnson e James Robinson são os vencedores do Prêmio Nobel de Economia de 2024.

Eles foram laureados por seus estudos sobre como a formação das instituições de Estado afetam a prosperidade de um país.

O trio dividirá um prêmio equivalente a quase US$ 1 milhão.

O anúncio foi feito no início da manhã desta segunda-feira (14) pelo Banco Central da Suécia, responsável pelo prêmio em ciências econômicas outorgado anualmente em memória de Alfred Nobel.

“Reduzir as vastas diferenças de renda entre os países é um dos maiores desafios do nosso tempo. Os laureados demonstraram a importância das instituições sociais para alcançar isso”, afirma Jakob Svensson, presidente do comitê responsável pelo prêmio.

Por que eles ganharam o Nobel

Para além do resumo informado pelo Banco Central da Suécia, o trio de economistas foi capaz de demonstrar, por meio de seus trabalhos, a importância das instituições sociais para a prosperidade de um país.

“Sociedades nas quais vigoram um estado de direito precário e instituições que exploram a população não geram crescimento nem mudanças para melhor”, informa a autoridade monetária sueca.

As pesquisas desenvolvidas por Acemoglu, Johnson e Robinson ajudam a entender o motivo.

O trio se debruçou sobre os efeitos do colonialismo sobre as sociedades exploradas pelas potências europeias.

Em seus trabalhos, os economistas demonstraram como o processo de colonização interfere no desenvolvimento de um país.

Eles dividiram as nações colonizadas em dois grupos.

Em alguns lugares, o objetivo era explorar a população nativa e extrair recursos em benefício dos colonizadores.

Em outros, os colonizadores formaram sistemas políticos e econômicos inclusivos para o benefício de longo prazo dos migrantes europeus.

Com base nessas perspectivas, os ganhadores do Nobel da Economia deste ano mostraram que uma das explicações para a diferença de prosperidade entre os países encontra-se no formato das instituições sociais fundadas durante a colonização.

De um lado, o estabelecimento de instituições mais inclusivas resultou em uma população geralmente próspera com o passar do tempo.

Já nos países onde o foco dos colonizadores concentrou-se na exploração das riquezas e dos povos nativos, o desenvolvimento econômico da sociedade como um todo foi prejudicado.

Enquanto a introdução de instituições inclusivas tende a criar benefícios de longo prazo para todos, um quadro institucional que privilegia a exploração proporciona ganhos para quem está no poder.

“Enquanto o sistema político garantir que tais grupos permaneçam no poder, ninguém confiará nas promessas de futuras reformas econômicas. De acordo com os laureados, é por isso que nenhuma melhoria ocorre”, resume o Banco Central da Suécia.

‘Façamos a revolução antes que o povo a faça’

Durante a Revolução de 1930, que alçou Getúlio Vargas ao poder pela primeira vez no Brasil, uma frase atribuída ao então governador mineiro Antônio Carlos de Andrada entrou para a história: “Façamos a revolução antes que o povo a faça”.

Quase um século depois, a estratégia das elites econômicas e políticas da época ganha um lustro acadêmico.

De acordo com Acemoglu e seus colegas, a falta de credibilidade da elite política nos países de menor desenvolvimento econômico também explica a ocorrência de processos de avanço democrático.

A ameaça de uma revolução impõe um dilema a quem está no poder, segundo os ganhadores do Nobel de Economia de 2024.

“Esses grupos prefeririam permanecer no poder e tentar apaziguar as massas com a promessa de reformas econômicas, mas é improvável que a população acredite que elas não retornarão ao antigo modelo assim que a situação se acalmar. No fim, a única opção pode ser transferir o poder e estabelecer a democracia”, destaca o Banco Central da Suécia ao comentar o trabalho dos economistas.

Sem zebra no Nobel

Se azarões regularmente figuram entre os ganhadores do Prêmio Nobel, o mesmo não se pode dizer a respeito do laurel em ciências econômicas de 2024.

Ao saber do prêmio, Daron Acemoglu declarou-se “encantado” e “surpreso”.

No entanto, ele figura há anos entre os favoritos à premiação.

O economista turco é prolífico, muito citado na academia e popular entre seus pares.

A poucas semanas das eleições presidenciais nos Estados Unidos, há quem considere a escolha como “anti-Trump”.

Fonte: SeuDinheiro

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