Os titãs de Wall Street estão prestes a obter uma vitória importante: o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse que os reguladores dos EUA estão perto de concordar em alterar o plano que força os grandes bancos a reter significativamente mais capital.
Esses bancos norte-americanos fizeram um lobby feroz contra o plano, argumentando que poderia dificultar a concessão de empréstimos.
Originalmente proposta há quase um ano, a medida obrigaria as grandes instituições financeiras dos EUA a deter até 19% mais capital para amortecer perdas.
Os reguladores dizem que o capital extra irá proteger contra riscos imprevistos, enquanto os bancos de Wall Street dizem que a nova exigência forçaria a revisão de negócios e a redução de empréstimos.
A revisão de capital está ligada a Basileia III, um acordo internacional que se seguiu à crise financeira de 2008 e que se destina a evitar futuras falências bancárias e outras crises.
Os defensores da proposta dos EUA também a consideraram uma solução para alguns dos problemas expostos pelos colapsos do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, em março de 2023.
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Os reguladores estão divididos sobre como proceder com a regra, com o Fed aberto a uma nova proposta enquanto as outras duas agências se opondo, sob o argumento de que é uma medida desnecessária que poderia atrasar o projeto com uma eleição presidencial a poucos meses de distância.
Nesta terça-feira (9), falando em depoimento semestral ao comitê bancário do Senado norte-americano, Powell disse que as autoridades poderiam em breve divulgar uma versão renovada da proposta.
Ele não entrou em detalhes sobre ajustes específicos, mas disse que os reguladores provavelmente buscariam novos comentários do público.
Segundo o chefe do banco central dos EUA, os reguladores poderiam solicitar comentários públicos durante 60 dias sobre as revisões.
Um alívio para os bancos
O Fed mostrou a outros reguladores norte-americanos um documento de três páginas com possíveis mudanças na revisão do capital bancário que aliviaria significativamente a carga sobre os credores de Wall Street, segundo fontes familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg.
As revisões recuariam em partes fundamentais da proposta, incluindo uma ponderação na redução da quantidade de capital extra que os maiores bancos dos EUA precisam de deter como parte da chamada sobretaxa GSIB.
A sobretaxa GSIB foi criada em 2015 para melhorar a estabilidade financeira dos bancos sistemicamente importantes (GSIBs) dos EUA, exigindo que eles detenham capital adicional.
No primeiro trimestre de 2024, o capital combinado detido pelos GSIBs dos EUA devido à sobretaxa totalizou US$ 230 bilhões, de acordo com dados do Fed.
Um ajuste apenas marginal na sobretaxa pode se traduzir em economias substanciais para bancos como JP Morgan e Bank of America.
Uma redução de 0,5% na sobretaxa, por exemplo, pode significar mais de US$ 8 bilhões em economia para os dois titãs de Wall Street.
*Com informações de Bloomberg, Reuters e Investing
Fonte: SeuDinheiro