Há quem acredite que políticos são todos iguais: mudam apenas de endereço — ou de distrito eleitoral. Um dos artifícios mais usados por eles é tentar passar a imagem de pessoas comuns.
No ano passado, quando ainda era percebido como candidato à reeleição, Joe Biden tornou-se o primeiro presidente norte-americano a participar de um piquete de trabalhadores em busca de melhores salários. Não escapou das críticas. Apesar do extenso currículo político, Biden nunca foi um sindicalista.
Agora é a vez de Donald Trump entrar na mira dos críticos por ter se passado por um funcionário do McDonald’s em uma tentativa de trollar sua adversária nas eleições deste ano, a vice-presidente Kamala Harris.
Kamala Harris e o McDonald’s
A história começou de um modo bastante despretensioso, depois de Kamala Harris ter comentado no início de sua campanha que teve um trabalho temporário em uma lanchonete de rede McDonald’s no longínquo verão de 1983.
Ela tinha de 18 para 19 anos e arrumou um bico em uma lanchonete, como tantos jovens ao redor do mundo. Nada do que se gabar nem de se envergonhar. Aparentemente, apenas uma tentativa de se mostrar mais próxima do eleitor comum.
Mas isso pode se transformar em um problema se você estiver no caminho de Donald Trump.
No último domingo, a campanha do ex-presidente fechou uma lanchonete do McDonald’s na Pensilvânia e promoveu um evento para convidados.
O dono da franquia visitada por Trump, Derek Giacomantonio, relatou ter recebido há algumas semanas uma solicitação da polícia local referente à intenção do candidato de realizar um evento na lanchonete.
A loja administrada por Giacomantonio foi fechada para os clientes durante a visita do ex-presidente.
Trump compareceu, serviu batatas fritas e fingiu trabalhar no drive-thru. Bilionário, ele também comentou que “não se importaria com esse trabalho” e que “poderia voltar e fazê-lo novamente” antes de deixar mais claro o que estava por trás de toda a encenação ao desejar um feliz aniversário a Kamala Harris.
Ela completou 60 anos naquele mesmo dia.
Desde então, a campanha de Trump vem se empenhando em desqualificar a afirmação de que Kamala Harris teria realmente trabalhado na rede.
Segundo Trump, é mentira que algo tão trivial tenha acontecido.
Trump enreda o McDonald’s em sua campanha
Pega inadvertidamente no meio de mais uma entre tantas polêmicas vazias nas eleições norte-americanas, a administração do McDonald’s tenta se distanciar do assunto.
Procurada pela imprensa, a rede não teve como confirmar nem desmentir a informação.
Um dos motivos é o fato de a empresa não dispor de documentos tão antigos de uma loja franqueada.
Na época, a digitalização desse tipo de registro ainda era incipiente.
O McDonald’s emitiu nota para deixar claro que em nenhum momento facilitou a visita de Trump. Também assegurou que “não apoia candidatos para cargos eletivos”.
“Não somos vermelhos nem azuis — somos dourados”, afirmou a empresa, numa referência às cores dos partidos Republicano e Democrata, bem como aos arcos dourados da logomarca do McDonald’s.
A rede de fast-food informou ainda que convidou Harris e seu companheiro de chapa, o governador de Minnesota, Tim Walz, para visitar um de seus restaurantes para mostrar como o McDonald’s cria oportunidades de trabalho e apoia as comunidades locais.
Enquanto isso, em uma mensagem enviada a funcionários, o McDonald’s afirma ainda: “Temos orgulho de saber do amor do ex-presidente Trump pelo McDonald’s e das boas recordações da vice-presidente Harris trabalhando sob os Arcos”.
*Com informações do Quartz.com, do Washington Post e do The Daily Telegraph.
Fonte: SeuDinheiro