Por volta do dia 15 de abril, o dólar comercial era negociado no seu maior nível em mais de um ano, a R$ 5,27, mas nesta sexta-feira (2) já opera a R$ 5,06, tendo, mais cedo, tocado o R$ 5,05. No geral, a principal variável que vem ditando a oscilação, tanto para cima quanto para baixo, do câmbio é a oscilação dos juros americanos. E por conta dela, analistas ainda pregam certa cautela.

Juros mais altos nos EUA acabam refletindo nas dinâmicas das moedas de todo o mundo, principalmente nas de países emergentes, como o Brasil. Investidores, neste cenário, tendem a preferir aportes nos títulos americanos ou em contratos privados do país, que oferecem mais segurança, e tiram capital desses países, enfraquecendo as divisas. Taxas mais baixas, por sua vez, tendem a gerar o movimento contrário.

“No mês de abril, o cenário econômico foi marcado por eventos imprevistos, como o agravamento do conflito no Oriente Médio e a revisão da meta fiscal no Brasil. Isso gerou um certo ceticismo em relação às projeções otimistas do ano anterior. Além disso, os indicadores mostraram uma persistência da inflação”, explica Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio. 

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Geopolítica e dados macro

O temor de uma possível escalada do conflito entre Irã e Israel levou a uma alta do petróleo, já que a região é a principal produtora da commodity no mundo. Isso, combinado aos dados macroeconômicos mais fortes do que o esperado nos Estados Unidos, levaram a percepção de que a inflação demoraria mais para ceder no país — o que impediria o Federal Reserve de iniciar seu ciclo de queda dos juros no tempo anteriormente projetado, atraindo capital para lá.

Agora, Costa lembra que os riscos geopolíticos diminuíram, com Israel, até então, não tendo respondido aos ataques diretos do Irã. O barril de petróleo Brent, de cerca de US$ 90 no começo de abril, hoje é negociado a quase US$ 83, com uma queda de mais de 7%. O recuo alivia os temores de altas dos preços, já que combustíveis mais caros impactam na cadeia de produção e de logística de quase todos os produtos. 

Fora isso, há algumas notícias sobre a macroeconomia dos Estados Unidos que também passaram a alimentar certo otimismo entre investidores, que agora enxergam que o Fed pode realizar alguns cortes de juros mais cedo. 

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Tanto a decisão do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fomc) dessa semana, quanto as falas do presidente da instituição, Jerome Powell na comitiva após o anúncio, por exemplo, foram consideradas dentro do esperado. Sinalizações mais duras poderiam ter pesado no câmbio. 

Já hoje, foi a vez do Payroll, relatório de empregos dos Estados Unidos e principal número do mercado de trabalho do país, dar um alívio às taxas de juros. Em abril foram criadas 175 mil vagas no país, abaixo do consenso, de 243 mil, o que, para especialistas, sinaliza que a maior economia do mundo pode estar desacelerando. 

Melhora no cenário, mas incertezas continuam

“A chance de um corte de juros aí na taxa em setembro saltou para 53% após o relatório de empregos mais fracos do que o esperado. A taxa de desemprego subiu para 3,9% contra uma expectativa de 3,8%. Então o cenário base agora mostra basicamente dois cortes de juros em 2024. Na quarta, o presidente Fed disse especificamente que o enfraquecimento do mercado de trabalho poderia estimular mais cortes de taxa”, contextualiza Leandro Martins, head de Câmbio da Alta Vista Investimentos. 

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Para o futuro, apesar da recente baixa, os especialistas defendem que as incertezas continuam. 

“O cenário macro americano, por enquanto, está bem misto. É difícil a gente fazer qualquer previsão. Eu, particularmente, acredito nos dois cortes de juros. O Fed talvez precise forçar o cenário de high for longer, mas não me parece muito sustentável. O ponto principal, de qualquer forma, é aguardar os próximos dados da inflação”, fala Martins.

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“Apesar do cenário atual favorável, é necessário cautela diante das flutuações econômicas e continuar monitorando de perto se os próximos indicadores confirmarão essa tendência. A divulgação da ata da última reunião do FOMC, que detalhará as motivações da última decisão de juros e as perspectivas para a economia americana, será fundamental para solidificar essa análise”, expõe Costa, da B&T.

Fonte: InfoMoney

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