Além do Tesouro Direto, o investidor pessoa física pode investir em títulos públicos via bolsa de valores. Mas em vez de comprar os papéis do Tesouro individual e diretamente, é preciso adquirir cotas de fundos que investem em títulos públicos: os fundos de índice ou ETFs de renda fixa.

Atualmente, a B3 disponibiliza 12 ETFs de renda fixa, sendo nove deles de títulos públicos. Por serem fundos de índice negociados em bolsa, esses ativos não têm IOF nas aplicações inferiores a 30 dias e nem come-cotas, como ocorre com os fundos de investimento abertos comuns, ofertados em plataformas.

Além disso, sua taxa de administração costuma ser bem baixa (no caso dos ETFs de títulos públicos, não ultrapassa o 0,20% ao ano de taxa de custódia do Tesouro Direto); e, em alguns casos, o imposto de renda, aplicado apenas no resgate, é de apenas 15%, independentemente do prazo de aplicação.

Os ETFs também têm a vantagem de sempre manterem o patrimônio investido exposto a títulos de uma mesma espécie e prazo. Para o investidor de longo prazo, esse reinvestimento automático retira a necessidade de decidir o que fazer com os recursos quando o título vence ou paga juros (cupom), além de ser isento de IR, o que potencializa os ganhos.

Mas o investimento via ETFs também possibilita alocações mais táticas e pontuais para aquele investidor que deseja, por exemplo, apostar na alta ou queda de juros no curto, médio ou longo prazo, sem a necessidade de se expor a apenas um vencimento de papel.

Porém, escolher em qual cesta de títulos públicos investir por meio de um ETF pode não ser muito trivial para o investidor pessoa física, que tende a preferir comprar os papéis individualmente no Tesouro Direto, casando o vencimento com os seus objetivos.

Quais ETFs de renda fixa comprar agora?

Em razão disso, algumas corretoras passaram a incluir os ETFs nas suas carteiras de recomendações de renda fixa. Nesta semana, por exemplo, a Guide e a Genial recomendaram a compra do It Now IMA-B5 P2 (B5P211), fundo que investe em títulos públicos indexados à inflação (Tesouro IPCA+ ou NTN-B) com prazos de até cinco anos.

Com taxa de administração de 0,20% ao ano, equivalente à taxa de custódia obrigatória do Tesouro Direto, o B5P211 mantém o prazo médio de repactuação da sua carteira sempre superior a dois anos, de modo que a alíquota de imposto de renda quando há lucro na venda das cotas é sempre de 15%.

A Guide também destacou o Investo Teva Tesouro IPCA+ 0 a 4 anos (NTNS11), que investe em títulos públicos indexados à inflação com prazos de até quatro anos, e indicou ainda o Investo Teva Tesouro Selic (LFTS11), que aloca o patrimônio em títulos públicos indexados à Selic (Tesouro Selic ou LFT).

O NTNS11 tem taxa de administração de 0,19% ao ano e alíquota de IR de 15% em qualquer prazo; já o LFTS11 também tem taxa de administração de 0,19% ao ano, mas a alíquota de IR é de 25% em qualquer prazo.

Por que Guide e Genial recomendam esses fundos de índice

As escolhas da Guide se devem ao fato de que a corretora diz preferir, no momento, os títulos públicos prefixados e indexados à inflação de médio prazo, com vencimentos entre 2027 e 2029, além dos papéis pós-fixados de até três anos.

No caso das duas recomendações primeiras recomendações de ETFs de renda fixa da corretora, o NTNS11 tem maior exposição a papéis mais curtos, com vencimentos em 2026 e 2027, enquanto o B5P211 tem uma alocação um pouco mais longa, com vencimentos que se concentram em 2026 e 2028.

“Analisando o ambiente externo, os números da maior economia do mundo (EUA) continuam indicando
um afrouxamento do mercado de trabalho e uma melhor dinâmica inflacionária, combinação que
ampliou as apostas de mais cortes de juros pelo Federal Reserve este ano”, diz a corretora, em relatório.

Essa perspectiva de queda nos juros nos EUA, combinada com a alta volatilidade no mercado de juros futuros local – que agora precifica uma alta da Selic no Brasil no curto prazo –, levam os analistas a preferirem os papéis mais curtos, menos expostos às oscilações mais bruscas do mercado.

Além disso, por um lado, os ETFs que investem em Tesouro IPCA+ podem se beneficiar de uma possível alta dos títulos decorrentes de uma queda nos juros futuros com o afrouxamento monetário americano, somada a uma inflação controlada no Brasil com a possível ciclo de alta da Selic, que deve ser breve.

Por outro, o ETF de Tesouro Selic (LFTS11) pode se beneficiar justamente desse aumento pontual da taxa básica de juros.

A Genial também justifica a sua preferência pelo ETF B5P211 pela manutenção da sua visão construtiva para os ativos indexados ao IPCA com vencimento intermediário, “observando ainda um movimento de queda na inflação implícita”, isto é, a parcela da taxa de juros nominal que corresponde à inflação.

“No entanto, permanecemos cautelosos em relação aos títulos de vencimento mais longo, considerando que o mercado tende a focar cada vez mais nos detalhes fiscais, o que representa um risco para os ativos de duração mais longa”, diz a corretora, em na sua carteira recomendada de renda fixa de agosto.

Fonte: SeuDinheiro

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