As roupas de frio têm ficado mais tempo no guarda-roupas e nas araras das lojas, com as mudanças climáticas e a proximidade do efeito La Ninã. Com espaço para mais regatas e camisetas, o clima mais quente voltou a ser o inimigo das Lojas Renner (LREN3).

As altas temperaturas fora do verão têm persistido nas principais cidades do país e, para a XP, isso é um fator negativo considerável para a varejista de moda.

De olho no futuro e nos próximos resultados, os analistas da corretora rebaixaram a recomendação da ação LREN3 de compra para neutro.

Os analistas da XP destacam que as ações das Lojas Renner estão descontadas em relação aos níveis históricos, mas ainda não é hora de comprar os papéis. Quem já os têm, não é hora de vender.

O preço-alvo também foi revisado para baixo, de R$ 19 para R$ 18, o que ainda representa uma potencial valorização de 23% em relação ao fechamento da última segunda-feira (20). 

Em reação, as ações da Lojas Renner (LREN3) caem de 2,25%, a R$ 14,36 na B3, por volta de 11h (horário de Brasília). Confira a cobertura de mercados. 

Lojas Renner e os seus ‘inimigos’ 

As temperaturas acima da média devem continuar em junho e julho, quando a coleção de inverno é o carro-chefe das companhias de varejo de moda. O que, para a XP, representa um risco para a venda do Dia dos Namorados, após um Dia das Mães mais fraco.

“Contra as nossas expectativas iniciais, as tendências meteorológicas voltaram a ganhar destaque na definição do desempenho dos retalhistas, com tendências inesperadas de

temperaturas a prejudicarem recentemente a procura dos consumidores por coleções de outono/inverno”, escrevem os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, que assinam o relatório.

O exemplo disso é o fenômeno La Niña — uma redução nas temperaturas das águas do Oceano Pacífico — que deve trazer um verão mais ameno no segundo trimestre, depois de quase um ano de efeitos do El Niño.

Por outro lado, o verão ‘mais frio’ também pode ser um risco para as coleções primavera/verão.

Momento ideal para lançamentos e vendas das coleções. Fonte: XP

Mas o inimigo das Lojas Renner (LREN3) não é apenas o fator climático. Para os analistas da XP, o cenário macroeconômico forma a corrente de ventos contrários para a companhia.

Com um ciclo de cortes na taxa Selic mais lento, aumento da inflação de alimentos e um dólar mais forte pode dificultar a recuperação ‘mais robusta’ do consumo no segundo semestre deste ano.

A combinação de temperaturas elevadas e do cenário econômico impacta, negativamente, na rentabilidade — que está em risco, na visão dos analistas. 

Isso porque a Lojas Renner já começou remarcar as etiquetas (SKUs) de inverno e combinar com um mix de produtos mais leves e mais baratos, o que deve limitar a expansão da margem bruta.

Além disso, um desempenho mais fraco da receita também é um desafio para a expansão da margem Ebitda, já que a diluição das despesas (SG&A) depende principalmente da alavancagem operacional.

Impacto do Rio Grande do Sul 

No início de maio, a Lojas Renner foi uma das empresas que tiveram as operações impactadas pela crise climática no Rio Grande do Sul.

A companhia fechou temporariamente 4% do total de unidades, além do impacto no fornecimento de produtos de parceiros.

Ao todo, a empresa opera 72 lojas no estado (11% da presença total) em 35 cidades, das quais apenas duas cidades (Capão da Canoa e Carazinho, ambas com uma loja cada) não foram impactadas, segundo a Defesa Civil do estado.

Na avaliação da XP, os efeitos das enchentes no estado gaúcho podem representar um desafio adicional para o desempenho da companhia na segunda metade do ano. A estimativa é de que cerca de 10% das vendas brutas de 2024 estarão expostas a esse risco — que deve permanecer no restante do ano. 

Vale lembrar que a Lojas Renner registrou um lucro de R$ 139,2 milhões no primeiro trimestre, quase o triplo dos R$ 46,8 milhões reportados um ano antes.

Na mesma base de comparação, as receitas subiram 5%, para R$ 2,91 bilhões.

Já o segundo trimestre tende a ser mais fraco, segundo a XP. Mas o efeito deve ser sentido no lucro líquido com maior intensidade em 2025.

Fonte: SeuDinheiro

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