O setor de shoppings centers da América Latina acaba de ganhar um novo protagonista. O BTG Pactual elegeu a Multiplan (MULT3) como a ação brasileira favorita no segmento.
O banco manteve recomendação de compra para as ações da administradora de shoppings, com preço-alvo de R$ 28,00 para os próximos 12 meses, o que implica uma valorização potencial de 27% em relação ao último fechamento.
O apetite dos analistas é baseado na percepção de que a alocação de capital melhorou muito e de que o portfólio premium da empresa — mais resiliente ao cenário macroeconômico adverso — agora negocia a múltiplos atraentes.
Um dos pilares da tese de investimentos é o portfólio de ativos “premium” da empresa, visto como um trunfo em tempos incertos.
Na visão do BTG, a Multiplan se destaca pela qualidade superior de seus ativos, um diferencial crucial em um cenário macroeconômico que ainda inspira cautela.
Afinal, a empresa possui shoppings dominantes e que atendem majoritariamente famílias de alta renda, o que confere resiliência aos resultados.
Além disso, segundo os analistas, a recente recompra da participação da OTPP foi um marco na gestão da Multiplan, com compromisso em agregar valor aos acionistas e “excelentes práticas de governança corporativa pelo grupo controlador”.
Lembrando que o Ontario Teacher’s Pension Plan (OTPP), um dos maiores investidores históricos da administradora de shoppings, havia colocado à venda, em meados de 2024, toda a posição restante na empresa, após 18 anos como acionista da Multiplan.
“Embora vejamos a Multiplan mais alavancada que seus pares (ainda em um patamar confortável de 2,3 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda) e os múltiplos sejam mais altos que os dos concorrentes, acreditamos que o prêmio vale a pena, já que o portfólio da Multiplan é muito dominante, e a empresa tem um sólido histórico no setor”, avaliou o BTG.
Mas a Multiplan (MULT3) não é a única ação brasileira de shoppings que atrai a atenção dos analistas.
O BTG Pactual também tem recomendação de compra para outros dois papéis: Allos (ALOS3) e Iguatemi (IGTI11).
Para os analistas, a Allos fez um bom trabalho ao reciclar seu portfólio, vendendo ativos não essenciais com menor remuneração de aluguel por metro quadrado, e deve gerar um retorno de cerca de 8% aos acionistas, considerando recompras de ações e dividendos.
Já para o Iguatemi, o banco considera que a companhia também possui um portfólio premium, o que a torna mais defensiva em um cenário macroeconômico mais difícil.
O brilho dos chilenos
Apesar da visão construtiva para as ações brasileiras como a Multiplan (MULT3) e a Iguatemi (IGTI11), o setor de shoppings brasileiro não brilha tanto aos olhos do BTG — ao menos, não como o mercado chileno.
“Em uma base relativa, preferimos os shoppings chilenos aos brasileiros, já que a perspectiva macroeconômica parece mais favorável no curto prazo”, disseram os analistas.
“Acreditamos que o Chile está à frente de outros países, já que as taxas de juros foram consistentemente reduzidas, as vendas no varejo devem se recuperar em 2025, e o cenário político parece mais promissor”, acrescentaram.
Para o banco, os valuations dos shoppings domésticos parecem atrativos em todas as métricas.
Contudo, faltam gatilhos de curto prazo para as ações do ponto de vista setorial, o que indica que a perspectiva macroeconômica deve ditar o ritmo dos papéis na bolsa daqui para frente.
Fonte: SeuDinheiro