Pela primeira vez na história da gigante de tecnologia, o Google (Nasdaq: GOOGL) pode ser obrigado a fazer uma cisão em seus negócios a partir de uma decisão judicial para tirar o navegador Chrome do controle da Alphabet.

De acordo com uma publicação da Bloomberg desta semana, funcionários do Departamento de Justiça (DoJ, na sigla em inglês) pediram para que um juiz federal force o Google a vender seu navegador Chrome.

Os nomes podem confundir o leitor, então vamos por partes: a Alphabet é a controladora do Google, o mecanismo de buscas mais famoso da internet. Já o Chrome é o navegador por meio do qual o usuário acessa esse sistema de pesquisas. 

A acusação alega que diversas medidas antitruste foram violadas, como a venda de aparelhos celulares que já vinham com o navegador do Google instalado como padrão.

Os processos, que datam desde 2020, afirmam que a empresa consolidou seu domínio de buscas através de acordos financeiros com fabricantes de smartphones.

Essa seria a segunda investida contra monopólios ilegais nos EUA, desde a tentativa fracassada de desmembrar a Microsoft, há 20 anos.

Além disso, uma cisão forçada do Google também seria a maior de uma empresa norte-americana desde que a AT&T foi desmantelada na década de 1980.

Quais as chances do racha entre Google e Chrome?

Dizem que a parte mais sensível de qualquer ser humano é o bolso. No caso das empresas de capital aberto, são as ações negociadas em bolsa.

Os papéis GOOGL são negociados em queda de 5,34% em Nasdaq nesta quinta-feira (21), por volta das 12h — o que significa que os investidores enxergam de maneira negativa tal cisão.

Do mesmo modo, os analistas do Itaú BBA concordam que existem “riscos materiais” em uma potencial divisão dos negócios que são dignos de análise.

“O Chrome detém uma participação de mercado de 67% nos navegadores, enquanto os navegadores padrão de pesquisa do Google (Chrome + Safari) detêm 85% da participação de mercado”, escrevem os analistas.

Fácil falar, mas difícil de fazer

Assim, boa parte dos investidores ouvidos pelos analistas do banco permaneceram céticos em relação à cisão com o Chrome. E o motivo é simples: seria difícil fazer a separação dos negócios e evitar um novo monopólio.

“A maioria dos navegadores ganha dinheiro com acordos de busca com o Google, portanto, seria difícil encontrar um comprador”, escrevem os analistas do Itaú BBA. “Em nossa opinião, o comprador natural para o Chrome seria a Microsoft, que poderia monetizá-lo por meio do Bing.”

Em números, se a participação do mecanismo de pesquisas Google nos navegadores Chrome e Safari for de 97% e no Edge (da Microsoft) for de 30%, o impacto nas receitas do Google seria de apenas 5%.

Entretanto, se a participação nos navegadores Chrome e Safari for de 99% e no Edge for de 50%, o impacto poderia chegar a 30%, dizem os analistas do Itaú BBA, que mantém a recomendação market perform para os papéis GOOGL, equivalente a “neutro”.

Fonte: SeuDinheiro

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