No mês de maio, o cenário de abertura dos juros futuros fez com que a carteira de recomendações de bancos e corretoras sobre os títulos de renda fixa fosse variada. Teve apostas no Tesouro Direto e também nos títulos privados, entre eles o CDB.

Mas se você busca os títulos de renda fixa que envolvem risco mínimo, como os títulos públicos negociados via Tesouro Direto, instituições como o Santander, Itaú BBA e XP Investimentos divulgaram relatórios recentes que podem ajudar você a decidir o melhor título do Tesouro para investir neste mês.

O investimento em Tesouro Direto é garantido pelo Tesouro Nacional, o que faz dele uma das alternativas de investimento de menor risco de crédito do mercado brasileiro. Também é conhecido por ser um investimento acessível, já que o valor mínimo para aplicar é de apenas R$ 30,00. 

Cenário de incertezas

Para o mês de junho, o cenário desafiador permanece praticamente o mesmo, com o mercado repercutindo as incertezas quanto à trajetória dos juros dos Estados Unidos.

Por lá, o tom mais duro que vem sendo adotado pela diretoria do Federal Reserve deixou o investidor mais cético em relação ao alívio das taxas.

No cenário doméstico, a mudança da meta fiscal e a divisão de votos entre os diretores do Banco Central na última decisão de juros também pesam. 

No último ciclo de corte de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) optou por uma redução menor na taxa Selic, que a levou ao patamar atual de 10,50% ao ano.

Após decisão dividida, a ata da reunião ressaltou consenso no Copom em torno de um cenário mais desafiador e abriu a porta para o final do ciclo de flexibilização em junho, com a Selic em 10,25% a.a., um patamar mais elevado do que era esperado inicialmente pelo mercado.

Com isso, as estimativas dos analistas para a inflação e para a taxa básica de juros em 2024 continuaram em tendência de alta, segundo as projeções do Boletim Focus. 

E é justamente por conta desse cenário de juros mais altos que o esperado e escalada nas taxas futuras que os bancos destacaram os títulos pós-fixados (indexados à Selic) entre as opções mais atrativas de investimentos para o mês de junho.

No Tesouro Direto, esses títulos são representados pelo Tesouro Selic, cuja remuneração, atrelada à taxa básica de juros, é conhecida apenas no vencimento ou resgate.

No entanto, houve indicações também entre os prefixados e títulos indexados à inflação. Confira as recomendações:

Tesouro Direto: 4 títulos recomendados pelo Itaú BBA

Na Carta do Estrategista de junho, o Itaú BBA destaca como títulos favoritos o Tesouro Selic 2027, Tesouro Prefixado 2027, Tesouro IPCA+ 2029 e Tesouro IPCA+ 2045

De acordo com Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa para pessoa física do banco, os títulos pós-fixados são os beneficiados no curto prazo por um possível fim antecipado do ciclo de corte de juros.

Para esse cenário, o Tesouro Selic 2027, por exemplo, “cumpre as funções de prover liquidez à carteira, amortecer a volatilidade e continuar a rentabilizar o capital acima da inflação”.

No médio e longo prazo os títulos indexados à inflação, como Tesouro IPCA+, funcionam bem como proteção contra surpresas inflacionárias, segundo o banco. Além disso, “o título se beneficia com eventual compressão de taxa em um cenário de retomada de otimismo.” 

Os títulos prefixados não ficaram de fora: “Contudo, à medida que a inflação implícita sobe, os prefixados passam a ganhar atratividade e neste momento são uma combinação interessante com os pós-fixados, razão pela qual manteremos o Tesouro Prefixado 2027.”

O banco ressaltou que o panorama mais restritivo de curto prazo pode abrir espaço para taxas de juros ainda mais baixas à frente. Por conta disso, os títulos intermediários e longos terão tendência de alta, e podem superar a rentabilidade dos pós-fixados no acumulado de 2024. 

Santander: Tesouro IPCA+ para proteção contra a inflação

A recomendação do Santander para o mês de junho é o Tesouro IPCA+, com vencimento para 2035. Em seu relatório, o banco citou a questão dos juros como um um tema que continua “pesando” no país, embora no âmbito internacional, os mercados dos EUA e Europa tenham fechado em alta generalizada. 

Por aqui, o banco destacou o aumento nas projeções do Boletim Focus para a taxa Selic ao fim de 2024 para 10,25%. Contudo, ressaltou as surpresas positivas no mercado de trabalho e uma perspectiva de emprego mais forte, que devem ajudar na desaceleração da inflação e nas projeções do banco para o crescimento do PIB de 2024. 

Embora este cenário não tenha sido suficiente para alterar o nível do Ibovespa, os analistas do Santander esperam uma “recuperação gradual dos resultados operacionais à frente”, com o fortalecimento dos balanços de companhias domésticas, graças a juros menores, atividade econômica ainda aquecida e uma queda no endividamento da população brasileira.

Com base nesse contexto doméstico e internacional, a sugestão do bancão é o IPCA+ 2035. “Se os ventos domésticos se provarem favoráveis para os ativos de risco (menores ruídos políticos, inflação convergindo à meta no médio prazo e promessas de responsabilidade fiscal em 2024), podemos ver um menor prêmio de risco para os títulos públicos reais, favorecendo a marcação a mercado deles.” 

Caso a percepção de risco piore e o dólar volte a se valorizar, a proteção contra a inflação do título recomendado exercerá sua função, afirma o Santander.

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XP: títulos públicos para todos os gostos

O pós-fixado Tesouro Selic 2027 aparece novamente como recomendação entre os títulos públicos para o mês de junho, desta vez da XP. Por ser atrelado à Selic, ele acompanha as altas e baixas nos juros. 

Apesar da redução para a Selic esperada pelo mercado ainda na próxima reunião do Copom, esse título deve continuar a se beneficiar do nível elevado da taxa de juros, ainda acima da inflação projetada, segundo os analistas da instituição. “Indicamos o Tesouro Selic para a reserva de emergência ou gestão de caixa”, afirma a XP, em relatório. 

Na visão da corretora, o cenário brasileiro foi afetado por uma combinação de dados econômicos vistos pelos investidores como mais desafiadores à economia.

Apesar de a inflação de curto prazo continuar em sua trajetória benigna, segundo a XP, os números sobre emprego no país mostram um mercado de trabalho aquecido.

“Em meio a esse contexto, a preocupação em relação à meta fiscal do governo federal persiste e reforça a pressão inflacionária no longo prazo.” 

Para a XP, a junção desses fatores dificulta o prosseguimento do ciclo de cortes da Selic por parte do Copom, que também “gerou um posicionamento de aversão ao risco nos investidores após o dissenso da votação na última reunião.” 

Para os analistas da instituição, a Selic deve terminar 2024 em 10,00%. 

Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado

Além do Tesouro Selic, a XP também recomenda como opções de títulos públicos o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais, com vencimento em 2028, e o Tesouro Prefixado com vencimento para 2026. 

No caso do Tesouro Prefixado 2026, o investidor sabe exatamente quanto será pago ao final do prazo. Isso porque o ativo possui uma taxa fixa, que não é atrelada a nenhum indexador. São ativos recomendados para quem busca previsibilidade, independente da expectativa para os juros da Selic, afirma a XP. 

A instituição também destaca a importância de ter na carteira ativos atrelados à inflação. Nesse caso, o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2028 é uma boa opção, de acordo com os analistas.

No IPCA+, o valor a ser recebido no vencimento ou nos pagamentos é predeterminado em forma de uma taxa de juros, mas também corrigido pelo IPCA. “Em caso de alta nas expectativas para os juros, os títulos se desvalorizam e vice-versa. Essa variação só é colocada em prática em caso de resgate antes do vencimento.”

Vale lembrar que o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2028 e o Tesouro Prefixado 2026 não estão disponíveis no Tesouro Direto, apenas no mercado secundário, via mesa de operações da corretora, onde são negociados como NTN-B 2028 e LTN 2026, respectivamente. Os títulos de vencimento mais próximo no Tesouro Direto hoje são o Tesouro IPCA+ 2029 e o Tesouro Prefixado 2027.

Investimento Retorno anual para quem adquirir o papel hoje e o levar ao vencimento Rentabilidade nos últimos 30 dias* Rentabilidade no último mês
Tesouro IPCA + 2035 IPCA + 6,16% 0,16% -0,18%
Tesouro Selic 2027 SELIC + 0,0903% 0,86% 0,81%
Tesouro Prefixado 2027 11,17% 0,00% -0,4%
Tesouro IPCA+ 2029 IPCA + 6,14% 0,61% 0,28%
Tesouro IPCA+ 2045 IPCA + 6,12% -1,57% -2,76%
Tesouro Prefixado 2026
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2028
Fonte: Tesouro Direto

Fonte: SeuDinheiro

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