Quando Javier Milei assumiu a presidência da Argentina há quase um ano, uma de suas primeiras medidas foi soltar os freios da economia — ele suspendeu subsídios e medidas de suporte cambial — e muita gente olhou para os hermanos tentando entender para onde o que mais parecia um trem desgovernado. 

O dólar disparou em relação ao peso argentino, os preços acompanharam, o desemprego subiu e muito argentino foi parar abaixo da linha da miséria. Se tal qual Maquiavel, Milei resolveu fazer o mal de uma só vez naquele momento, agora seu governo colhe os frutos. 

Graças a um cenário de maior tranquilidade com relação ao dólar, ajustes regulares das tarifas dos serviços públicos e meses de superávit fiscal — somados a uma agenda de austeridade de Milei que sacrifica o consumo —, a inflação na Argentina seguiu em desaceleração em outubro, chegando a 2,7% em base mensal. Essa não é apenas a variação mais baixa até agora em 2024, mas também é o menor patamar em três anos. 

A inflação subjacente desacelerou de 3,3% em setembro para 2,9% em outubro, o que mostra que também existe uma descendente de preços quando excluídos os itens mais voláteis — este é o melhor número para os chamados “preços livres” desde setembro de 2020.

A cronologia da desaceleração na Argentina

Em setembro, a inflação na Argentina havia sido de 3,5%. Na linha cronológica do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), é preciso voltar até novembro de 2021, quando os preços ao consumidor subiram 2,5%, para encontrar valores semelhantes aos registrados em outubro de 2024

Mas, assim como em um tango, a inflação na Argentina também tem sua carga dramática. Até o momento neste ano, a taxa avançou 107% — acima do patamar esperado para este ano pelo projeto orçamentário de 2025. Na comparação com os últimos 12 meses, os preços avançaram 193%

O ‘TRUMP TRADE’ DO VERDE

Não à toa, muitos argentinos precisam apertar os cintos para chegaram ao final do mês.

O grupo que teve maior aumento em outubro foi habitação, água, luz, gás e outros combustíveis (5,4%) devido aos reajustes nos aluguéis e despesas relacionadas. 

Em seguida aparece eletricidade, gás e outros combustíveis; abastecimento de água, seguido por vestuário e calçados (4,4%). Restaurantes e hotéis surgem logo depois, com alta de 4,3%. 

Os alimentos subiram 1,2% no menor aumento do grupo desde junho de 2020, em plena pandemia, quando o último governo da Argentina congelou todos os preços.

Governo celebra esfriamento da inflação

A desaceleração da inflação na Argentina em outubro foi maior do que os economistas esperavam — e o governo comemorou o feito.

Pesquisa de Expectativas de Mercado (REM) do Banco Central da Argentina projetava avanço de 3% para os preços no mês passado. 

Para o ano, o mesmo levantamento traz uma expectativa de 120% — e se isso acontecer será uma variação superior aos 104,4% estimados pelo Ministério da Economia para 2024, mas inferior aos 211,4% deixados por Alberto Fernández e Cristina Kirchner em 2023.

“A inflação está convergindo, a economia está se recuperando. Nunca houve melhor momento do que este”, disse o ministro da Economia, Luis Caputo. 

“Vamos continuar melhorando o macro, vamos continuar desregulamentando o micro e continuaremos a respeitar a propriedade privada. Já estamos baixando o que mais distorce os impostos, que é a inflação”, acrescentou. 

*Com informações do La Nacion

Fonte: SeuDinheiro

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