Hoje foi dia de o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) divulgar sua decisão de juros, o que vinha dividindo as expectativas do mercado. E, no fim, o colegiado acabou abandonando totalmente a sinalização que havia dado em sua última reunião, cortando a taxa básica de juros (Selic) em apenas 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira (08), de 10,75% para 10,50% ao ano.

Nestes últimos 45 dias desde a última reunião do Copom, o aumento das incertezas em relação ao fiscal doméstico e à política monetária americana levou os investidores a revisarem suas expectativas para a trajetória dos juros.

Ainda que o BC tenha sinalizado mais um corte de 0,50 ponto nesta reunião de maio, boa parte do mercado passou a esperar um corte de menor intensidade, embora não fosse possível descartar totalmente a possibilidade de o Copom manter sua previsão. Tanto que a decisão do colegiado não foi unânime desta vez.

Agora, os juros devem continuar em uma trajetória de baixa mais suave. Mesmo assim, trata-se de mais uma redução no retorno das aplicações de renda fixa conservadora, como aquelas que compõem a sua reserva de emergência, uma vez que elas costumam ser pós-fixadas e indexadas à Selic ou ao CDI, taxa de juros que caminha junto com a taxa básica.

E a expectativa é que esses retornos diminuam ainda mais no futuro próximo. Embora as estimativas dos economistas para a Selic no fim deste ano tenham subido no último mês, ainda assim a taxa prevista para o fim deste ano é de 9,63%, com novos cortes esperados para 2025, quando a Selic pode cair a 9,00%.

A remuneração menor das aplicações conservadoras, entretanto, não significa que elas devam deixar a sua carteira.

Primeiro porque ter uma reserva de emergência alocada em renda fixa pós-fixada, de liquidez diária e com baixo risco de crédito é sempre fundamental, independentemente do patamar de juros.

Segundo porque, ainda que mais baixa, a taxa básica de juros no Brasil ainda é alta frente à inflação. Nos 12 meses terminados em março, o IPCA acumulou variação positiva de 4,66%. Assim, o retorno real (acima da inflação) das aplicações pós-fixadas continua interessante.

A queda da Selic para 10,50% ainda não é o suficiente para ativar o gatilho que muda a regra de remuneração da caderneta de poupança para 70% da Selic mais Taxa Referencial (TR). Esta mudança só ocorre caso a taxa básica caia abaixo de 8,50%, cenário que ainda está bem distante.

Assim, a poupança continua pagando seu tradicional 0,50% ao mês mais TR e se torna um pouco mais atrativa frente às aplicações financeiras indexadas à Selic e ao CDI – mas ainda com retorno pior, mesmo consideradas eventuais taxas e imposto de renda dos investimentos pós-fixados.

Com a Selic em 10,50% ao ano (e supondo um CDI um pouco inferior, de 10,40%, como costuma acontecer), as rentabilidades mensais e anuais líquidas das principais aplicações financeiras conservadoras ficam assim:

Investimento Retorno líquido em 1 mês* Retorno líquido em 1 ano**
Poupança 0,60% 7,47%
Tesouro Selic 2027 (via Tesouro Direto) 0,62% 8,52%
CDB 100% do CDI ou fundo Tesouro Selic de taxa zero 0,64% 8,58%
CDI bruto 0,83% 10,40%
(*) 1 mês, no caso da poupança, ou 21 dias úteis e mais de 30 dias corridos para os demais investimentos. Alíquota de IR de 22,5%, quando for o caso. (**) 12 meses, no caso da poupança, ou 252 dias úteis e mais de 360 dias corridos para os demais investimentos. Alíquota de IR de 17,5%, quando for o caso.

Parâmetros da simulação

  • Para o cálculo do retorno da poupança, foi considerada a TR média de abril de 2024 (0,1023%);
  • Para o cálculo do retorno do Tesouro Selic, foram considerados uma taxa de administração igual a zero, o spread de compra e venda (espécie de “pedágio” para a venda do título antes do vencimento) e uma taxa de custódia de 0,20% ao ano sobre todo o montante investido, que é o padrão da calculadora do Tesouro Direto. Atualmente, no entanto, existe uma isenção da taxa de custódia para valores aplicados de até R$ 1 mil, o que significa que a verdadeira rentabilidade do Tesouro Selic, nesses casos, é um pouco maior que a estimada na tabela.

Como a Selic deve cair mais neste ano, ela não ficará estagnada em 10,50% por muito tempo. Ou seja, até o fim do ano, a rentabilidade das aplicações conservadoras será ainda menor que os valores projetados na tabela.

Importante notar ainda que, mesmo com a permanência da regra de remuneração da poupança em 0,50% mais TR, a rentabilidade da caderneta também vem caindo, ainda que sutilmente. É que, com a redução da taxa de juros, a TR também tende a recuar, embora responda por uma parcela pequena da remuneração.

Assim, para dar uma ideia melhor de como ficará a rentabilidade dos investimentos conservadores daqui para frente, vamos simular a aplicação para os prazos de um e dois anos utilizando as estimativas do mercado para a Selic e o CDI (DI futuro) para janeiro de 2025 (10,21%) e janeiro de 2026 (10,47%), respectivamente.

Repare que a primeira prevê um retorno um pouco menor que a Selic atual, mas a segunda já prevê um juro mais próximo do atual.

Ambas as taxas subiram em relação à última reunião do Copom, quando as duas estavam em um dígito, em razão das incertezas que fizeram o mercado passar a precificar uma intensidade menor para os cortes da Selic.

Vale frisar, no entanto, que essas projeções podem mudar a partir da decisão do Copom de hoje, bem como das sinalizações do Banco Central para as próximas reuniões. Além disso, as projeções para a poupança continuam considerando a TR de abril, que também viu uma elevação em relação ao mês anterior, mas esta taxa também pode se mudar daqui para frente.

Investimento Retorno líquido em 1 ano* Retorno líquido em 2 anos**
Poupança 7,47% 15,50%
Tesouro Selic 2027 (via Tesouro Direto) 8,36% 18,17%
CDB 100% do CDI ou fundo Tesouro Selic de taxa zero 8,42% 18,73%
LCI 90% do CDI 9,14% 19,63%
(*) 12 meses, no caso da poupança, ou 252 dias úteis e mais de 360 dias corridos para os demais investimentos. Alíquota de IR de 17,5%, quando for o caso. (**) 24 meses, no caso da poupança, ou 504 dias úteis e mais de 720 dias corridos para os demais investimentos. Alíquota de IR de 15,0%, quando for o caso.

Parâmetros da simulação

  • DI para janeiro de 2025 (simulação de 1 ano): 10,21% a.a.
  • Selic para janeiro de 2025 (simulação de 1 ano): 10,31% a.a.
  • DI para janeiro de 2026 (simulação de 2 anos): 10,47% a.a.
  • Selic para janeiro de 2026 (simulação de 2 anos): 10,57% a.a.
  • Para o cálculo do retorno da poupança, foi considerada a TR média de abril (0,1023%);
  • Para o cálculo do retorno do Tesouro Selic, foram considerados uma aplicação de R$ 100 mil, taxa de custódia de 0,20% ao ano, uma taxa de administração igual a zero e o spread de compra e venda (espécie de “pedágio” para a venda do título antes do vencimento).

Veja, na tabela a seguir, quanto você teria ao final de cada período caso aplicasse R$ 100 mil em cada um desses investimentos, nas circunstâncias da simulação anterior:

Investimento Quanto você teria após 1 ano Quanto você teria após 2 anos
Caderneta de poupança R$ 107.471,90 R$ 115.502,09
Tesouro Selic 2027 R$ 108.363,14 R$ 118.167,69
CDB ou fundo Tesouro Selic 100% do CDI R$ 108.423,25 R$ 118.730,78
LCI 90% do CDI R$ 109.143,94 R$ 119.630,35

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Fonte: SeuDinheiro

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